domingo, agosto 19, 2012

A palavra aos leitores

De e-mail enviado pelo leitor RFC:
    O excerto que deixo ali em baixo¹ é retirado de uma entrevista ao prestigiado Le Monde (prestigiado até quando inclui um parágrafo sobre o général Salazar, malgré tout...), palavras do Francisco José Viegas num luzidio palácio de LX. E mesmo para quem tem rudimentares leituras de pensadores da cultura portuguesa, estou a pensar no Eduardo Lourenço nomeadamente, impressiona a vacuidade de lugares-comuns que o secretário de estado da Cultura consegue “amontoar” em poucas linhas. Nem mesmo as aproximações à escola de António Sérgio se aproveitam, antes se transformam numa vulgata do pensamento português do século XX. Muito em linha com o que se conhece da obra (de divulgação?) científica do ministro Álvaro Santos Pereira (glosada pelo Vasco Pulido Valente há tempos, no P., tratando-a como um “monumento” que se reduz a três ou quatro títulos...), aliás. Nenhum golpe de asa, nenhum brilhantismo, nenhum espírito crítico, nada. E há interpretações surpreendentes: a agenda fracturante é uma imposição da Europa, como?... Eu sei que escrever sobre política em português (!) nos blogs - com a wikipedia, o Kindle ou uns gadgets ao lado -, é uma coisa diferente de articular um discurso “satisfatório” em francês, mas o momento deve ser apontado na mesma. Esta entrevista do SEC, trazida à liça nas páginas do Le Monde a propósito dos seus heróis policiais inseridos no generoso campo literário europeu, deve servir de deleite para os franceses que têm uma mão-cheia de intelectuais que ocuparam funções políticas. Nomeadamente no homónimo ministério da Cultura, que souberam criar e manter completo.

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¹ Extractos da reportagem do diário Le monde:
    ‘Dans son impressionnant bureau, le secrétaire d’Etat à la culture Francisco José Viegas explique que, au temps de sa splendeur coloniale, le Portugal allait chercher la richesse très loin en Afrique ou au Brésil pour la rapporter vers les capitales européennes.L’argent tiré de ce commerce n’a servi qu’à des dépenses de luxe et n’a jamais alimenté un investissement national qui aurait permis un vrai développement du pays. Les Portugais se sont installés au Brésil pour faire fortune et pas du tout, commeles Français, pour établir un régime, un système, un modèle de société… Ensuite,pendant longtemps, ils furent les pauvres de l’Europe, les immigrants de Paris,Genève, Zurich.

    «Je crois que notre relation avec l’Europe n’est pas heureuse,car une part essentielle de nos racines reste en Afrique et au Brésil… Avec la crise,beaucoup de gens repartent là-bas. En dix ans, nous avons réalisé toutes les réformesdemandées par l’Europe (l’avortement, le mariage homosexuel). Ce fut sans doutebien rapide, car parallèlement, notre économie n’a pas bénéficié de bases solides. Nous sommes très dépendants des situations espagnole, grecque, irlandaise. Nous avons perdu notre agriculture, notre pêche et notre industrie comptent à peine. Seules nous restent notre culture et lamer comme offre touristique», soupire-t-il.’

4 comentários :

josé neves disse...

O sec pandeirão, tão oportunista que até aceitou ser sec sem autorização para pôr o pandeiro no conselho de ministros, também disse ao Le Monde que os "portugueses têm medo do futuro", segundo "cm".
Bem, pudera, com dirigentes como este sec pandeirão e inútil quem não tem medo do futuro?

Anónimo disse...

O ultimo paragrafo aqui transcrito é de bradar aos céus : o tipo está de braços caidos e vai para um jornal francês admitir que está de braços caidos?!
Fala dos gastos sumptuosos de outrora enquanto recebe os jornalistas refastelado no seu "impressionnant bureau "?!
Mas esta gente conhece o termo "vergonha na cara"?!

znuno disse...

Esta entrevista é de ir à nausea. Este fulano é tão mediocre, tão mediocre que nem sei o que comentar. "Ah!Tal como os nossos antepassados, que torraram o ouro do Brasil em putas e vinho verde, pusemo-nos a abortar e a casar a paneleiragem e não fizemos o que realmente interessava".

JOÃO pequenino GONÇALVES disse...




Confrangedoramente INDIGENTE!


A definição perfeita (do antónimo) de "intelectual"...