terça-feira, agosto 14, 2012

A que preço está a anedota?

Henricartoon

• Editorial de hoje do Público, Quando o Estado se torna uma caricatura:
    ‘As sucessivas revelações sobre a compra dos submarinos no mandato de Paulo Portas no Ministério da Defesa Nacional levam o padrão de organização e de exigência do Estado português ao nível da anedota. Em causa estava um negócio de centenas de milhões de euros para a aquisição de equipamentos militares. O que não é o mesmo do que comprar carros de bombeiros ou locomotivas para a CP: são operações que exigem zelo, sigilo, ponderação e método na protecção de documentos. O problema é que quanto mais se conhecem os pormenores desta história, mais se pressente que muitas destas exigências não foram suficientemente cumpridas. Primeiro, o Ministério Público acaba por confirmar as informações veiculadas pela imprensa que apontavam para o desaparecimento de documentos fulcrais da negociação; agora, a leitura de um despacho de arquivamento de um dos arguidos do processo comprova a forma negligente como as relações entre o Estado e os fornecedores dos submarinos foram conduzidas. Fica-se a saber por aí que o assessor jurídico nomeado pelo Governo para coordenar as negociações não teve acesso durante meses a documentação sensível dos vendedores dos submarinos, apesar de se queixar dessa falha na correspondência a altos quadros do ministério. Ou, por outras palavras, o coordenador jurídico que o Governo tinha contratado para acompanhar o processo andou semanas sem saber detalhes fundamentais do negócio que deveriam pesar na escolha final. Nada do que agora se sabe justifica juízos sumários sobre a licitude do processo. Mas deixa no ar uma terrível suspeita: se negócios destes eram feitos com este amadorismo e esta ligeireza, o que aconteceria nas compras do dia-a-dia? Uma pergunta que interpela a imagem de competência que Paulo Portas tanto se esforçou e esforça por construir.’

2 comentários :

O Galã de Massa Má disse...

Os negócios não foram, de maneira nenhuma, feitos com amadorismo e ligeireza.
Mesmo agora, no desaparecimento dos documentos, se vê que "os negócios" foram feitos com um elevadíssimo grau de profissionalismo e competência.

Rosa disse...



Muito esperto. este Paulinho...