Pode ter graça ver Francisco Louçã, seguindo as pisadas de Cavaco, a recorrer ao Facebook para falar aos portugueses, no caso “aos activistas e ao povo do Bloco”, o que revela a incipiente organização interna de um “movimento” que é alimentado pela comunicação social.
Pode ter graça ver o “porta-voz” do Bloco de Esquerda a condicionar a sua “sucessão”, revelando que os métodos internos de trabalho do “politburo”, herdados das organizações que estão na sua génese, não foram abandonados — antes foram aprimorados.
Pode ter graça ver que a solução imposta, procurando conservar o frágil equilíbrio entre os órfãos de Enver Hodja, Trotsky e Brejnev (sem esquecer a quota dos “independentes” representada por Fernando Rosas), está já a ser contestada, pondo a nu a falta de democraticidade interna.
Pode ter graça ver que João Semedo não serviu para presidente do grupo parlamentar (candidatura chumbada em 2009), mas é útil nesta fase em que o “movimento” está pouco menos do que destroçado.
Estes e muitos outros aspectos podem ter graça, mas é chegada a altura de recordar que o BE (e o PCP) é responsável pela entrega do poder à direita, essa direita que lançou um fortíssimo ataque aos direitos do trabalho (com medidas que não constavam do memorando inicial assinado com a troika), que está a tomar decisões para a destruição do Estado social e que não descansa enquanto não rasgar a Constituição.
As disputas pelo poder no seio do BE podem servir às mil maravilhas para nos entreter na silly season, mas não podem servir de cortina de fumo para ocultar o que esteve na origem da barafunda por que passa agora o “movimento”: a “coligação negativa” entre o BE (e o PCP) e a direita durante seis anos, que foi subindo de tom até à apresentação da moção de censura, e atingiu o seu ponto culminante com o chumbo do PEC 4 e a entrega do poder à direita.
Foi, então, que muitos “activistas” do Bloco se insurgiram contra o tacticismo suicida do “politburo”. Louçã conseguiu evitar que fosse discutida a questão da liderança na
A saída de cena (?) de Louçã não deixa de ser o resultado — ainda que ao retardador — de um cartão vermelho mostrado pelos eleitores. Resta, agora, saber se o BE quer continuar a ser objectivamente uma arma de arremesso da direita contra o PS. Se a liderança do BE vai ser “a meias” (ou não) é pouco relevante (salvo quando houver debates, em que será preciso fazer um intervalo para entrar em campo a outra metade).
8 comentários :
alguma coisa o BE deve ter feito bem para merecer este post. e quanto a ser aliado da direita.. quem tem um historial de "acordos" com o CDS é o PS.
alguma coisa o BE deve ter feito bem para merecer este post. e quanto a ser aliado da direita.. quem tem um historial de "acordos" com o CDS é o PS.
Um dos colaboradores do atual governo e da direita em particular. Não me merece o minimo de confiança.
Para o Mefistófeles (Louçã), o João com Medo e a Catarina eram os perfeitos. Mantinha-se influência do trotskista e tudo na paz dos anjos. Só que a Ana das maminhas novas e o Fazendita não parecem gostar da ideia. O último nem numa altura destas represente convenientemente uma grande parte dos verdadeiros votantes do mini bloco.
Gosto especialmente desta parte: «Foi, então, que muitos “activistas” do Bloco se insurgiram contra o tacticismo suicida do “politburo”. Louçã conseguiu evitar que fosse discutida a questão da liderança na “convenção” que se seguiu às últimas eleições legislativas — para ganhar tempo para preparar a “sucessão”.»
Só há um pequeno pormenor que está a falhar na análise do Miguel: é que o Bloco não teve nenhuma Convenção depois das eleições legislativas. Quanto ao resto, o texto fala por si. Tantas certezas, tão pouco conhecimento.
"(...)de recordar que o BE (e o PCP) é responsável pela entrega do poder à direita."
Falso, falso e mais falso. Esta justificação dos militantes do PS é apenas mais uma táctica para "lavar" a governação anterior e a responsabilidade do PS pelo seu desaire. Perdeu nas urnas. Ponto. O Bloco e o PC fizeram o mesmo que sempre fizeram e fazem: contras as medidas de austeridade (PEC incluídos) que apenas promovem a recessão, desemprego e dívida. Mais nada. Se querem se queixar da "entrega do poder à direita", queixem-se do PSD, pois foi este, antigo aliado em outros PEC, que votou contrariamente no PEC IV.
Louça vai embora, mas quer que para trás apenas fique uma mão cheia de nada.
O be é uma música de um "top" de um Verão longínquo da nossa inocência. Não tem Futuro e está-se a esgotar o pouco Presente que ainda lhe resta.
Tal como a UEDS, o MES, a IS e o GIS, vai acabar na mesma fractura exposta que separa os que crescem e aderem ao PS e os que ficam para sempre enrodilhados na Puberdade política e caem no mais absoluto esquecimento.
Tanta "parra", até 2009 (em que até eu ainda ia à "vindima"!), para tão pouca uva depois disso (e vinho, nem vê-lo...).
Paz às suas alminhas.
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