• Fernando Madrinha, Uma noite para esquecer [hoje no Expresso]:
- ‘O Pontal já não é o que era e, por mais que afine a sua voz de barítono, Passos Coelho não é um tribuno. Conjugados estes fatores — uma encenação pífia e fora de época com um discurso burocrático e sem alma —, o Pontal do PSD, recolhido num espaço fechado para evitar que alguém se lembrasse de estragar a festa, só podia ter sido um fiasco. O que não teria importância se o líder partidário que ali falou não fosse também o primeiro-ministro.
Além do dom da palavra, falta a Passos Coelho carisma, algo que, sendo em grande parte uma construção de imagem — desde que as políticas ajudem com resultados positivos e não apenas aos olhos dos mercados —, supõe características pessoais que, até ver, não revelou. Falta-lhe também, ou está por evidenciar, uma densidade humanista capaz de compensar outras falhas, como, por exemplo, formação e autoridade reconhecidas numa área específica do conhecimento, o trunfo que ajudou Cavaco Silva a fazer uma carreira de décadas e, até há uns anos, bem-sucedida. Falta-lhe, acima de tudo, sensibilidade para gerar uma empatia mobilizadora com a generalidade dos cidadãos, especialmente com os mais castigados neste primeiro ano de governo com a troika.’
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