quinta-feira, setembro 27, 2012

A vanguarda e a rua


Rui Pereira, A vanguarda e a rua:
    ‘O anúncio das novas medidas de austeridade – em especial, da transferência de encargos da Taxa Social Única dos patrões para os trabalhadores – empurrou o povo português para a rua. Os partidos políticos e as associações sindicais quase não se viram nas gigantescas manifestações que, por todo o País, exigiram mais justiça social. Talvez por isso, jornalistas e politólogos elogiaram o carácter inorgânico e desalinhado dos protestos. Mas resta saber se alguém os conseguirá converter num programa coerente, que permita melhorar a nossa vida.

    As manifestações de 15 de Setembro mostraram uma realidade muito diferente da rua poética que Vieira da Silva pintou a propósito do 25 de Abril de 1974. Portugal parece hoje um País sem desígnios, ao contrário do que então sucedia. Por isso, a esperança e a confiança no futuro deram lugar à impotência e à revolta. Os partidos, que outrora reivindicavam o papel de vanguarda do povo (desde a extrema-esquerda até à direita do "socialismo catedrático"), procuram interpretar e acompanham com a maior prudência este movimento "pós-moderno".’

Sem comentários :