quinta-feira, dezembro 27, 2012

«"Em que qualidade" é que o ministro Relvas aparecia neste processo da TAP»

• José Pacheco Pereira, O que a privatização da TAP... [hoje na Sábado]:
    'Voltando à TAP, alguém acredita que, havendo certamente uma negociação diária, pelo menos nas últimas semanas antes do fim da data, o problema da falta de garantias bancárias aparecesse com aparente surpresa no próprio dia da decisão? Não foi pedido muito antes, como garantia mínima de seriedade da proposta?

    Efremovich diz que não e o Governo diz que sim, mas parece tê-lo feito só pouco antes de decidir num negócio que considerava "estrategicamente bom". Ninguém acredita nestas versões e alguém está a mentir.

    Este desfecho obscuro segue-se a todo um processo igualmente obscuro. Efremovich aparece como candidato único ao mesmo tempo que se divulga o caderno de encargos - como é que ele podia saber se o negócio era bom, e outros saberem que era mau, antes de haver o caderno de encargos? A que propósito é que o ministro Relvas, que, tanto quanto se saiba, nada tem a ver com o processo de privatizações (com excepção da RTP), aparece sempre envolvido em qualquer negociação, encontro, consulta, telefonema entre Portugal e Brasil, com Angola e Cabo Verde pelo meio?

    A irritação do primeiro-ministro quando lhe foi perguntado "em que qualidade" é que o ministro Relvas aparecia neste processo da TAP serviu para evitar responder, mas a pergunta é mais do que pertinente.

    E para que servem as Comissões de Acompanhamento e o que é que "acompanham" quando só são nomeadas em cima das decisões ou quando as decisões já foram tomadas? As Comissões de Acompanhamento da EDP e da REN queixaram-se há dias ao Tribunal de Contas de não terem tido "tempo suficiente para se pronunciarem sobre os processos de privatização", e a da TAP, nomeada em vésperas da decisão, classifica a sua missão como "suicida" e diz: "Seria mais cómodo e confortável se tivéssemos sido nomeados há mais tempo." Mas se é assim, por que razão estas ilustres personalidades das Comissões aceitam fazer parte de coisas cujo único objectivo é validar de cruz as decisões governamentais, tomadas ostensivamente sem que fossem consultadas para nada?'

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