Sábado, 14.02.2013, pág. 18 |
Uma história que justifica um minuto de atenção. Consta que Paulo Portas e Jorge Braga de Macedo nutrem um pelo outro um ódio visceral. Quando a direita se alçou ao poder, estas duas personagens voltaram a cruzar-se: o Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), de que Braga de Macedo é, vá-se lá saber porquê, presidente, estava na dependência do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Para evitar que um dos seus gurus fosse trucidado por Paulo Portas, Passos Coelho introduziu uma norma na lei orgânica do Governo para colocar o IICT na dependência da Presidência do Conselho de Ministros (cf. artigo 10.º, n.º 4). Não se conformando com esta alteração, Portas reclamou a tutela do IICT. Quando o conseguiu, Portas começou a reivindicar a demissão de Braga de Macedo, exigência reforçada pela circunstância de este guru de Passos Coelho ter sido um dos contemplados com a sinecura da EDP (Catroga, Cardona, Teixeira Pinto, Ilídio Pinho…).
Parece que Portas vai finalmente afastar Braga de Macedo, mesmo que para isso tenha de extinguir o IICT, uma instituição com 130 anos que tem um arquivo único no mundo.
É o suficiente para ter uma ideia do que virá a ser o guião de Portas para a
Em complemento — A medicina tropical já não mora na Junqueira.
7 comentários :
Pode ser que o Braga, essa fruta podre, mais uma do PSD, não fique calado.
O governo só cai apodrecido por dentro. Se estivermos á espera do PS, bem podemos esperar sentados.
Será que a vertente (filan)trópica em Braga de Macedo apostou irá ser afetada -- ver http://corporacoes.blogspot.pt/2012/01/medicina-tropical-ja-nao-mora-na.html
Custa-me dizê-lo, mas o Portas até que nem esteve mal, porque o Braga de Macedo tratava aquele instituto como uma coutada particular - não é inédito nas nossas instituições, como se sabe -, tendo, eu próprio e neste espaço, dado alguns exemplos do "brilhante" consulado do Braguinha no IICT: mais favorecimentos a amigos e a promoção de filhos de amigos, ainda estudantes de licenciatura, a assessores disto e daquilo, com direito a viagens e tudo.
E quem pagou? Não é preciso dizer, pois não?
Sobre a extinção do IICT: vamos a ver que tal é o "guião" da reforma/refundação/refugo do Estado do Portas. Se é mais um acervo importante que se vai perder, se se faz à português suave e aquilo continua a funcionar, se se funde ou se é integrado (aceitam-se sugestões) ou então - esta mais improvável, infelizmente - se é reformado e modernizado.
Importaria levar a cabo uma investigação séria sobre a gestão desse senhor no IICT. Há ali muito de suspeito. E, na realidade, foram anos perdidos para o IICT, que passou TOTALMENTE ao lado da tendência de grande melhoria da ciência em Portugal nos últimos anos! Tornou-se um pardieiro com ares de instituição científica…
A ser verdade a saída de Jorge Braga de Macedo (JBM) do IICT, ainda que pelas piores razões e resultado de um provável ajuste de contas, não deixa de ser para a ciência em geral e a para a ciência tropical em particular uma boa noticia.
A substituição na presidência do IICT, um instituto com um valiosíssimo património, de uns senhores educados e globalmente simpáticos (quase) do antigamente e que foram envelhecendo ao mesmo tempo que a investigação feita no IICT, ainda que a ritmo desigual, envelhecia por JBM tornou o IICT “prado” para loucuras esdrúxulas, ridicularias avulsas e por vezes, provavelmente na prática mais exercitado do que conseguido, nepotismos infantis.
Dando de barato a treta da criação de uma “residência de artista” no IICT e a cegada do interminável ciclo de conferências “Continuar [pai] Jorge Borges de Macedo” ficam para as posterioridade do consulado de JBM à frente do IICT, para alem de tudo o resto, as noticias sobre reuniões e a agenda do presidente postadas no site do IICT (http://www2.iict.pt/?idc=7&idl=1; http://www2.iict.pt/?idc=17); nestas duas “secções” do site o leitor interessado encontrar tudo o que precisa para umas ver rir, outras ficar estupefacto e outra vezes ficar a perguntar-se “como é possível que num site de um organismo publico se escrevam coisas deste género?”
Mesmo assim, seja no tempo dos senhores que envelhecerem devagarinho nos comandos do IICT, seja no consulado de JBM esta instituição continuou, graças em grande parte à carolice de alguns dos investigadores, uns mais velhos outros mais novos, a produzir aqui e além em várias áreas boa investigação, mesmo num ou noutro caso investigação de ponta. Honra lhes seja feita, tantos aos que se reformaram porque chegou a idade ou porque para não aturar mais JBM anteciparam a reforma, como aos que por lá continuam.
Um último comentário, melhor um pergunta: porque é que, apesar dos comentários bastante negativos à personalidade e ao trabalho de JBM, José Mariano nunca o substitui na presidência do IICT? A justificação que não se substitui assim do pé para a mão alguém que foi ministro
PS ao meu comentário de ontem.
Como o post chama a atenção e uma amiga me relembrou esta manhã, é preciso estar atento ao que pode vir a acontecer ao instituto.
Do meu ponto de vista, o IICT só tem lugar efectivo no dispositivo cientifico português como um todo; amputa-lo deste ou daquele "ramo", dispersar "museoligiando" o seu património ou "remetendo" para ANTT o AHU é matar o IICT e atirar para o lixo cento e vários anos de produção cientifica continuada. E claro não pode ser dada de barato contribuições pessoais que de gerações e gerações de investigadores voluntariamente e sem contrapartida financeira deram para o enriquecimento do património material do IICT – colecções de todo o tipo, bibliotecas , mapas, instrumentos, etc. etc.
Devemos estar atentos, Paulo Portas como todos outros “deslumbrados” que nos (des) governam não olham a meios para atingirem os seus fins, mesmo se para tal tiverem de decepar uma instituição com cento e vários anos de produção cientifica continuada.
Já agora, em abono da verdade, a José Mariano não podemos apontar qualquer intenção expressa de desmantelamento do IICT; a atitude de José Mariano para com o IICT nos perto de 12 anos em que o tutelou, foi, e tenho tento na linguagem, sobretudo, de omissão!
Enviar um comentário