• Rui Tavares, Eles não querem [hoje no Público]:
- ‘Um bom ponto de partida para o país é a cidade de Caminha. Por ser na foz do rio Minho, na raia galega e no extremo norte da costa atlântica, pode ser assim considerada em sentido geográfico, mas os partidos da esquerda local - PS, BE e PCP - devem ter achado que a peculiaridade poderia ser também política. Vai daí, decidiram fazer a mais rara das experiências: falar. O que aconteceu é instrutivo para todo o país.
A partir da segunda reunião, o PCP local foi proibido de participar, "não por discordar localmente do que se estava a construir, mas por a orientação nacional do partido excluir qualquer solução deste tipo", segundo disseram depois os dirigentes locais bloquistas. Passe o trocadilho, os caminhenses dos outros dois partidos continuaram o caminho. Encontraram uma plataforma comum, puseram-na à votação dos seus camaradas locais, e aprovaram-na em ambos os partidos.
Vai daí, escreveram às direções nacionais, anunciando a boa notícia: havia bases para uma candidatura em coligação à câmara municipal, que é detida há doze anos pelo PSD. Tudo certo? Tudo errado. A direção nacional do Bloco rejeitou a possibilidade e, quando viu contestado o seu pretexto fundado na moção da última convenção, levou a Mesa Nacional a fazer o mesmo. Os bloquistas de Caminha, que ficaram desenganados do respeito que os dirigentes nacionais têm pela democracia interna ou local, responderam que "a realidade local tinha de ser percebida [pela nacional] e não podia ser deitada abaixo por mero taticismo eleitoral". (…)’
2 comentários :
Sectarismo: caso prático.
Centralismo: um exemplo partidário.
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