quinta-feira, maio 16, 2013

“O processo de aplicação do memorando é instrumentalizado politicamente por Passos e Gaspar para exercer uma pressão inaceitável a favor das suas próprias posições políticas e para atirar os adversários ou para o campo da inevitabilidade ou para a ameaça da catástrofe iminente”

• José Pacheco Pereira, A saga das "avaliações" [hoje na Sábado]:
    ‘As "avaliações" da troika são um elemento fundamental da luta política em Portugal. Elas são um instrumento de política interna dos defensores a outrance de um plano de "ajustamento" que não é meramente tecnocrático: implica uma visão sobre Portugal, a sua sociedade e a sua economia, e é tributário de um conjunto de opções ideológicas e políticas a que se tem chamado "neoliberalismo".

    É por isso que nunca devem ser aceites pelo seu valor facial as fugas de informação sobre o que a troika aceita ou não, dificulta ou não, sobre o que o Governo (que parte?) apresenta ou não à troika. Duvido que haja actas e que a correspondência, em particular electrónica seja conservada (como deve ser), mas serão documentos fundamentais para se fazer a história destes tempos. Então se verá se há uma troika ou uma quadriga, se o "ministro das finanças da troika", que é quem conduz as "negociações" com a cobertura do primeiro-ministro, é parte integrante das duas instituições que se sentam à mesa, da troika e do Governo ou só de uma delas, não se sabendo qual. Uma coisa é certa, todo o processo de aplicação do memorando é instrumentalizado politicamente por Passos Coelho e Gaspar, que fazem o mal e a caramunha, para exercer uma pressão inaceitável a favor das suas próprias posições políticas e para atirar os adversários ou para o campo da inevitabilidade ou para a ameaça da catástrofe iminente.

    Que a troika é parte do jogo ou se presta a ser parte do jogo já se sabe. Não é preciso ir mais longe do que a história da taxa sobre os reformados, incluída nas obrigações do Estado português na sétima avaliação de forma ambígua, para permitir ao CDS dizer que estando lá, não é para cumprir, e ao ministro das Finanças dizer que, estando lá, pode vir a ser "necessário" cumprir.’

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