• Vasco Pulido Valente, Dois lados [hoje no Público]:
- ‘O sr. ministro das Finanças, Vítor Gaspar, pediu esta a semana a simpatia dos portugueses pelo desgosto que tinha sofrido, como adepto do Benfica, no campeonato, na Liga Europeia e na Taça de Portugal. Isto excede a imaginação. O sr. Gaspar nunca pediu desculpa aos portugueses pela miséria e o sofrimento que a sua política infligiu, e continua a infligir, aos portugueses, mas manifestamente, para ele, o Benfica é uma coisa muito diferente e muito mais séria. Admito que um qualquer perito em "relações públicas" lhe tivesse incutido a necessidade de ser "humano", como os milhões que passam fome ou viram a sua vida destruída pela "austeridade". Só que um homem equilibrado e sensato, já não digo um ministro, não ouve conselhos desses. Em vez de parecer "humano", o sr. Gaspar ganhou para sempre o razoável desprezo da gente que ele empurrou para um buraco sem saída.
(…) também, a defesa da liberdade, que o dr. Cavaco comprometeu quando açulou a Procuradoria-Geral da República às canelas de Sousa Tavares. Talvez não percebesse - não me custa a acreditar - que tomar ofensa por um comentário ambíguo e, seja como for, sem verdadeiro peso, iria limitar todo o jornalismo indígena. Nenhum profissional (da televisão, da rádio ou da imprensa) se atreverá agora a falar sem a imagem de um longo processo ou até da cadeia na cabeça. A "opinião pública" (confesso que uma ideia em si própria equívoca) deixará de fluir como deve, como é de resto o seu dever, para se tornar num cuidadoso cálculo de palavras. Ora, quando o resto se afunda, é na liberdade que, em última análise, assenta o regresso a uma situação tolerável e "normal". E, deste ponto de vista, o sr. Gaspar e o dr. Cavaco estão de um lado e o dr. Soares do outro.’
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