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O Jornal de Negócios fez, na semana passada, um excelente levantamento das contrapartidas que a República Popular da China se comprometeu a dar pela aquisição da participação do Estado português na EDP. Salvo uma alusão de Nicolau Santos ao assunto na última edição do Expresso, o que se viu em seguida foi spin governamental para controle de danos: uma das contrapartidas que se disse ter sido assumida pela China Three Gorges — uma fábrica de turbinas eólicas — foi agora apresentada como “expectativas de investimento” pelo ministro Moreira da Silva. E para procurar apagar de vez a memória, fonte próxima do processo disse ao Expresso (citado pelo Público) que se tratou “apenas de um processo de intenções, nada de vinculativo”.
As imagens supra espelham que não foi assim que, no dia 23 de Dezembro de 2011, o spin governamental submeteu à opinião pública a venda ao Estado chinês da participação na EDP.
No centro da montagem da operação financeira e da operação de propaganda aparece a Miss Swaps. Veja-se, por exemplo, o que disse então o i: “Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro e das Finanças, avaliou o investimento chinês em cerca de 8 mil milhões de euros, logo, irrecusável para o Estado português.” E como é referido no jornal, “[a] proposta da Three Gorges inclui, para além da vertente financeira, a criação de uma fábrica de turbinas eólicas em Portugal, o que gerará exportações anuais da ordem dos 500 milhões.” Por isso, a Miss Swaps considerou então, segundo o DN, que a China Three Gorges (CTG) é “um parceiro estratégico” que vai dar “um forte apoio à economia portuguesa”.
O Expresso sintetizou, então, muito bem o espírito empolgado com que a Miss Swaps se referiu à operação: “(…) o pacote global da proposta da CTG terá um impacto superior a €8 mil milhões, como deixou claro ontem a secretária de Estado do Tesouro. É um camião de dinheiro (…).”
Perante mais este imbróglio do Governo, ou o Governo foi enganado ou enganou os cidadãos portugueses. Como sugere Nicolau Santos, “[s]e a primeira opção for a verdadeira, espera-se que Passos Coelho peça explicações ao líder da CTG, Cao Guangjing. Se for verdadeira a segunda opção, então espera-se que seja o primeiro-ministro a dar explicações aos portugueses.” Estranho é que a oposição em bloco pareça anestesiada.
Recorde-se que, segundo a edição de 23 de Dezembro de 2011 do DN, Carlos Zorrinho, no momento em que decorria o Conselho de Ministros que escolheu a China Three Gorges, fez questão de lembrar que o regime de salvaguarda dos interesses estratégicos nacionais foi um compromisso assumido pela coligação de direita quando aprovou a lei-quadro das privatizações, mas que não estava aprovado. Apesar disso, o dirigente socialista admitiu não ter “qualquer razão para não acreditar que o Governo não tenha feito a melhor escolha para a defesa do interesse nacional”, embora tivesse assegurado que o PS iria manter-se vigilante, estando atento ao cumprimento das contrapartidas. De que está a oposição à espera para reagir?
6 comentários :
Pois é, mas ninguém se incomoda que lhe roubem os anéis porque ainda não levaram os dedos.De facto, dá raiva ver tanta inércia da parte do PS.Isto é matéria( como dizem os políticos)para ser martelada diariamente pelos porta-vozes/gentes do PS. Mais uma canalhice que passa sem punição!
Com 8 mil milhões compra-se a EDP, a direita, a esquerda e a comunicação.
Esta oposição está tolhida pelo discurso 'da mão escondida atrás do arbusto' a 25 de Abril de 2013 ( dia negro para a Democracia ( a nossa) ).
Inculcaram-lhe na cachimónia que não há nada a fazer. Basta deixar correr o marfim e a oportunidade chegará servida em bandeja de prata.Nem é preciso pensar no que fazer. O deus-mercado e os seus profetas já revelaram tudo. As ideologias morreram. É a economia suas azêmolas.
Se assim for, tomo a Aspirina b, e digo: 'mais vale fechar esta merda'
Mas não vai ser...
Ângelo
Sobre a EDO, disse outra mentira. Ouvi-a numa Comissão na AR a dizer que, com a privatização, nada impedia o Governo de actuar sobre as rendas ou algo semelhante. Depois num colóquio ouvi o Catroga dizer que governo não podia fazer isso pois abdicou de tal para realizar mais dinheiro, o que se veio a confirmar depois.
é casa para especular : terá a oposição algo a esconder?
É que de facto não se percebe o porquê deste silencio, que já começa a ser ruidoso .
Não esquecer a fábrica de automóveis, anunciada pelo Marcelo dos pequeninos, http://oreviralhopa.blogspot.pt/2013/09/moinhos-de-vento.html.
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