sexta-feira, novembro 01, 2013

Manual de instruções para crimes não banais

OE-2014: Se nem o guionista presta atenção ao alegado primeiro...
Fotografia de Alberto Frias/Expresso

Há muitas ideias feitas na política portuguesa. Uma é a de que Passos Coelho é um lapantana instruído na escola da JSD, mas Paulo Portas, esse, é um poço de inteligência e erudição. O guião para a “reforma” do Estado (que desapareceu do site do Governo, onde apenas está a intervenção de Portas) abre um rombo no mito, deixando à vista que podemos estar apenas em presença de um pantomineiro que vive à conta da habilidade para trocadilhos e facadas pelas costas.

Apesar da manifesta indigência com que foi elaborado, o papelucho de Paulo Portas não é só “palha”, como disse Pacheco Pereira. No meio da barafunda, os dois objectivos estratégicos da direita não ficaram esquecidos:
    • Virar do avesso a Constituição da República; e
    • Desmantelar o Estado Social.

Portas não faz a coisa por menos: atira-se à Constituição e ao Tribunal Constitucional. Com a insistência da inclusão da “regra de ouro” [pp. 21, 23 e 24] na Constituição, pretende que os princípios fundamentais que dela constam tivessem de se vergar em nome do equilíbrio orçamental. E com a anunciada disposição para “reformar a arquitetura institucional do sistema judicial” [p. 58], abre a porta à extinção do Tribunal Constitucional, aspiração antiga de líderes do PSD.

Também o propósito de desmantelar o Estado Social não passou ao lado. Da saúde à educação, passando pelas pensões de reforma (plafonamento), há o propósito de preparar o terreno para a privatização das funções sociais do Estado. Numa palavra, um Estado que, em lugar de prestar os serviços de saúde e de educação, financie a prestação privada desses serviços (o cheque-ensino aparece referido sob múltiplas formas), degradando a qualidade dos hospitais e das escolas, reservados para a população pobre. Como escreveu Pedro Adão e Silva, “o propósito do guião para a reforma do Estado é construir um verdadeiro 'estado paralelo', financiado com recursos públicos”.

Se é verdade que o indigente papelucho de Portas não configura nenhum guião para a “reforma” do Estado, é decisivo que a oposição desmonte, desde já, a agenda escondida que ele encerra — recordando, de resto, que esta farsa começou, em Outubro de 2012, como “refundação do memorando”, para ser depois ser assumida como “refundação do Estado”, antes de surgir sob a máscara de “reforma do Estado”. Até porque o guião é, tirando o paleio indigente, o rascunho do memorando do programa que se segue (cautelar ou 2.º resgate) com que a oposição será confrontada.

9 comentários :

João |Santos disse...

Mas afinal não foi isto que o PSD sempre quis? Não era Sá Carneiro que pedia um governo, uma maioria, um presidente?
Não sei onde está a admiração. o PSD nunca aceitou o 25 de Abril. A maior parte daquela gente é e sempre foi salasarista convicta.

Anónimo disse...

Eu já digo o mesmo, desde o dia 26 de Abril de 1974.

Bastava olhar para as figuras e figurões que compunham o partido...

Unknown disse...

Pois mas agora estão ainda mais "moços de recados da Europa" e pretendem fazer o que não se faz nos demais países, que é empobrecer o pais.

james disse...



Eis as luminárias provenientes do Colégio de S. João de Brito: uns são vices-primeiros-ministros aldabrões e delinquentes como Portas, outros, são gestores do catering das áreas de serviço das auto-estradas...

Só visto; gente proveniente de um colégio tão "fino".

Anónimo disse...

Sempre estivemos na presença de um pantomineiro. A mim nunca me enganou desde que adquiri a capacidade e o direito de voto.
Nunca percebi como é que o mesmo par de seres humanos deu origem a um personalidade tão nobre como a de Miguel Portas e ao mesmo tempo criou um traste destes.

Anónimo disse...

Enfim a Socratice a destilar ódio, depois de 6 anos a "assaltar" o país.

João Santos disse...

A união nacional (vulgo PSD) pode enganar alguns, mas seguramente não enganará a maioria. O fato de por o Estado na pagar os chorudos interesses dos seus militantes chama-se ROUBO DO PAÍS. O ROUBO DE UM PAÍS É UM ATO DE TRAIÇÃO.
O que a garotada, com os retornados à cabeça, estão a fazer é a encher os bolsos e a distribuir benesses pelos amigos. SÃO TRAIDORES.

Anónimo disse...


Realmente o roubo de um país é um acto de traição só não se entende qual o motivo porque a socratagem ainda não está atrás das grades depois dos crimes que cometeu em 6 anos de regabofe.

Rosa disse...



E os "meninos" do BPN??