domingo, dezembro 08, 2013

"Da África do Sul chegava também algum financiamento partidário e apoio eleitoral"


João Gomes Cravinho, embaixador da União Europeia na Índia, escreve no Facebook sobre Portugal e o apartheid:
    ‘(…) Da África do Sul chegava também algum financiamento partidário e apoio eleitoral que não deixava de ter alguma influência.

    Em Lisboa, em vez de se pensar nos interesses de médio prazo de uma comunidade portuguesa que inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, teria de fazer a transição para a democracia, a opção foi no sentido de dar o apoio discreto que fosse possível para aliviar a pressão internacional. É assim que Portugal se vê, nos anos 80, numa posição de alinhamento com as posições de Reagan e Thatcher, destoando da forma como na Europa e em quase todo o mundo se olhava para o regime do apartheid. Foi claramente um erro da política externa portuguesa, porque em vez de preparar a comunidade portuguesa para a transição encorajou-a a manter-se numa posição de defesa intransigente do regime. O resultado foi que a comunidade portuguesa acabou por ser a única que não teve entre os seus membros lutadores contra o apartheid. Gregos, italianos, judeus de muitas partes, brancos de muitas origens lutaram contra o apartheid. Entre os portugueses nem um único nome era conhecido.

    A mudança chegou muitíssimo tarde, quase em cima do colapso do regime. Em particular foi José Cutileiro, que chegou a Pretória como embaixador em 1989, que começou a mandar sinais urgentes para Lisboa quanto à necessidade de mudar de rumo. Estamos portanto a falar de menos de um ano antes da libertação de Nelson Mandela. Claro que a boa educação mandava que houvesse declarações de voto aquando da tomada de posições em Nova Iorque ou Bruxelas, mas a realidade é bastante simples, e espanta agora, vinte e tal anos mais tarde, que se venha sugerir que as posições assumidas pela diplomacia portuguesa eram as melhores possíveis. Não eram, manifestamente não eram.’

2 comentários :

Anónimo disse...

Esteve 27 anos na cadeia...negaram-lhe a liberdade - resultado:- 10 anos que fosse... mais cedo o povo vivia em liberdade.

O dr. Cavaco não nasceu para a politica - é bom na fisca

Zé da Adega

Anónimo disse...

Não nasceu para ser estadista mas para enriquecer com a politica. Ele, os amigos e a família! Os outros e os portugueses em particular que se lixem! Escumalha da pior!