quarta-feira, abril 09, 2014

Estão a ver o que é a asfixia democrática?

— O teu antecessor espalhou-se. Trata lá disso.

Os espasmos insanos de José Rodrigues dos Santos não são o resultado imprevisível de um erro de casting. Tendo em conta o que Ângela Silva — com posições muito próximas do PSD — escreve no Expresso online, o papel absurdo que o pivot da RTP decidiu assumir sem pestanejar no programa «A Opinião de José Sócrates» faz parte de uma estratégia para silenciar o ex-primeiro-ministro.

Com efeito, Ângela Silva conta hoje que «correram rumores de que o comentário semanal do ex-primeiro-ministro podia estar em risco», ou seja, «poderia não voltar depois da pausa prevista durante a campanha eleitoral das europeias» (suspensão que não ocorreu com as eleições autárquicas).

Já «antes de rebentar a polémica [sic] em torno do programa de José Sócrates na televisão pública», escreve Ângela Silva, a RTP reunira-se com Marcelo com o propósito de o contratar. «Dois obstáculos» estorvaram a consumação da trama: «Marcelo é caro [Sócrates comenta de graça] e a televisão do Estado está em contenção de despesas; por outro, tirar Sócrates para pôr Marcelo seria politicamente incorreto».

Para compreender o escândalo que seria pretender abafar a voz de José Sócrates — qualificado pelo Expresso como um acto apenas «politicamente incorreto» —, importa recordar que a central de propaganda do Governo está entregue ao ministro Maduro e ao ajudante Lomba, que não têm outra função no Governo a não ser tentar domesticar os órgãos de comunicação social.

Para quem não se recordar do que estes fanáticos da direita radical escreviam nas redes sociais e nos jornais, basta rever as entrevistas do ministro Maduro, na sexta-feira ao Sol, na qual se insurge contra a existência de «cinco televisões só de notícias, que é uma coisa única», ou a de Pedro Lomba, no sábado ao i, em que sustenta que o Estado-de-direito-democrático-de-2014 deve regressar ao «espírito do 25 de Abril original», ou seja, ao momento em que ainda não havia sido construído o Estado social, muito embora ele condescenda, sem um pingo de vergonha, que «o poder político tem de fazer um esforço para mantê-las [as pensões] ao mínimo

A circunstância de José Sócrates desmontar semanalmente as patifarias em curso, pondo em relevo que há uma alternativa, não pode agradar ao Governo. A central de propaganda, onde pontificam os intelectuais orgânicos que agitavam o fantasma da asfixia democrática, anda de cabeça perdida.

12 comentários :

james disse...

Este post revela bem a campanha em curso para abafar e silenciar Sócrates.

Como sempre, atenho-me ao que o Expresso escreve sobre o assunto e à falta de vergonha, ligeireza e simplificação do argumentário do maior imbecil e desenvergonhado Ricardo Costa.
A mãe e o meio-irmão do dito não terão vergonha daquela espécie?

Anónimo disse...

O video, Sócrates, da semana passada, não aparece...porquê.

Anónimo disse...

Ó Zé tu só lês o primeiro post?

Cabecinha leviana, a tua.

arebelo disse...

A propósito de asfixias,segundo li os "democratas"da maioria boicotaram que capitães de Abril usassem da palavra na AR.Onde anda o pinguim das "claustrofobias"que de tanta gravidade até as levou,vergonhiosamente para Estrasburgo?

Anónimo disse...

esta gente já está por tudo, para se manterem a sugar na teta até 2015.
o povo que não os ponha a andar não...quanto mais dias esta trampa de governo passa com o poder nas mãos mais a divida vai crescer. depois que ninguém diga que não foi avisado, incluindo o PS. O pote está mesmo a ser rapado , á bruta, por estes vampiros.

jose neves disse...

Estava na cara, desde a primeira "entrevista" e mais depois da insistência na segunda ainda mais agressiva e, provavelmente na próxima será pior se houver, que a RTP por intermédio da cumplicidade e vontade de jrs montou uma armadilha no pressuposto que o "animal feroz", acossado, saltaria da cadeira e, deste modo seria o alibi perfeito: matava-se o animal político indesejável e a culpa era do "mau caracter" do próprio.
Uma ideia perfeita mas uma armadilha sem mola: jrs julgou-se capaz da tarefa, o grande escritor e repórter, armado do arquivo do maduro&lomba, foi de peito feito ao duelo, puxou dos "seus arquivos" mas, num ápice toda a tagarelice de tasca que sabem debitar ao jeito de nuno melo&rangel, foi desmontada como puras falsidades face aos factos relatados com clareza por quem os viveu e conhece a fundo.
Claro que o ataque vai continuar em crescendo dado que os medíocres da RTP e do governo não suportam quem tão clara e fundadamente os desmascara.Penso, contudo, que Sócrates deve obriga-los a serem eles a tomar a iniciativa.
E resta perguntar: como anda PPereira com a sua asfixia democrática e contagem, ao segunso, dos temopos de antena nas têvês?

Anónimo disse...

José Rodrigues dos Santos está a preparar por suas mãos o seu próprio descrédito. Porque a verdade é como o azeite, vem sempre ao cimo. Francamente, não se esperava tanta cobardia e rasteirice dum jornalista que tem vendido bem os seus livros. Como diria o Cónego Remédios, não havia necessidade. Ou JRS pensa que este governo vai durar muitos anos? Se o pensa, é um rematado imbecil.

André disse...

Eu acho mal está perseguição ao JRS. Na prática ele é a melhor coisa que podia ter acontecido ao Sócrates: colocarem-lhe pela frente um papagaio impreparado e sem cabedal que repete capas do correio da manha. Sinceramente acho que devíamos todos estar contentes.

Anónimo disse...

"o povo que não os ponha a andar não"

Mas você julga que vive onde?

Mas alguém os tem no sítio?

Anónimo disse...

O André tem razão.Oxalá o JRS não se canse de levar lambada, porque enquanto o pau vai e vem o Sócrates agradece.

Fernanda disse...

Não se entende tanta referência a Sócrates.

Sócrates não é o líder do PS, o maior partido da oposição. Sócrates não interfere em nada. Sócrates relembra o passado e justifica as políticas dos seus governos.

Se é consensual (ai, como me irrita escrever esta palavra) que o passado importa no presente e estabelece 1 ponte (ai, outra palavra que me irritou escrever)com o futuro ( ai, outra!), o certo é que já chega.

O que quero dizer é que quem é o líder do PS é o José Seguro, para mal dos pecados de milhares e milhares de portugueses. E o Seguro é o equivalente às palavras que irritam, tal o seu uso , desuso e processo alienante que causam - consensos, pontes, futuro, insanáveis....

Higienise-se o vocabulário e, de boleia, mande-se o Seguro substituir a Isabel Jonet à frente do banco alimentar contra a fome. Ficava lá bem melhor e talvez acabasse com os sem-abrigo no prazo de 4 anos.

Confraria dos Carochos disse...



Quem vai acabar sem abrigo é mesmo o dos Santos! Como a moira Guedes e o ressabiado Crespo.


E, para sua grande surpresa, mais tarde ou mais cedo irão ter de acolher lá no seu não-abrigo mais um pobre carocho chamado Tó-Zé. Seguramente.