quinta-feira, abril 24, 2014

Salgueiro Maia


Amanhã, no Largo do Carmo, será evocado Salgueiro Maia. As referências ao «capitão» Salgueiro Maia costumam enfatizar o papel decisivo que assumiu no 25 de Abril, mas sobre a sua carreira militar após o PREC cai um manto de silêncio.

Tendo igualmente tido um papel relevante no 25 de Novembro, não pode apontar-se a Salgueiro Maia nada em seu desabono — a não ser a defesa intransigente da democracia: manteve-se fiel à condição militar, não alinhou com extremismos de direita ou de esquerda, não se deslumbrou pelos holofotes da política, recusou ocupar quaisquer cargos (mesmo de natureza político-militar, como integrar o Conselho da Revolução).

Tal não obstou a que a direita militar, que, entretanto, reassumira as chefias das Forças Armadas, o perseguisse logo em 1976, tendo Salgueiro Maia sido afastado do comando militar para tarefas administrativas, primeiro chamado a Lisboa, depois enviado para os Açores, antes de ser atirado para a chefia da secção prisional do Presídio Militar de Santarém.

Alguns dos que desempenharam cargos de chefia por esses tempos não sentiram necessidade de também dizerem alguma coisa sobre as perseguições de que Salgueiro Maia foi alvo, ainda que fosse para se justificarem.

Acresce que, com a multiplicidade de historiadores que apareceram recentemente a debitar sobre o 25 de Abril, é surpreendente que ninguém — que eu me tenha apercebido — se tenha detido no que representa a perseguição que foi movida a Salgueiro Maia a partir de 1976.

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Leituras sobre Salgueiro Maia:

4 comentários :

james disse...

Sim, um homem a recordar.

Se a maior parte dos historiadores for do pendor do alarve do Rui Ramos ou do idiota do Vasco Pulido Valente, com certeza que a História será sempre branqueada.

Viva o 25 de Abril.

Anónimo disse...

Viva o 25 de Abril

Honra à memória de Salgueiro Maia.

Lembro aqui a entrevista que Salgueiro Maia deu a Francisco Assis Pacheco no Jornal a 29.04.1988.

'É um facto que me sinto orgulhoso pela acção desenvolvida em prol do meu ideal de liberdade e democracia.(...)À margem disso deploro que, tendo nós realizado um acto ímpar- pela primeira vez na História da Humanidade uma força militar realiza uma acção de destruição de um poder sem se apropriar desse poder- isto que em todos os países é relevante passa aqui pura e simplesmente desapercebido ou então, ao contrário, serve de base para sermos marginalizados, quando não tratados como traidores à Pátria. Mas tenho outros sentimentos. Tenho um sentimento de gozo em especial nas comemorações do 25 de Abril por ver o comportamento de muita gente que é anti-25 de Abril mas que depois tem que ir lá pelas funções que o 25 de Abril lhe deu,e até tem que dizer coisas a favor do 25 de Abril'

Eu vou ao Largo do Carmo.

Ângelo

Rosa disse...




Estive lá em espírito...e partilhei na televisão. Comoveu-me Mário Soares, de cravo ao peito e a cantar o Hino Nacional.

Anónimo disse...

excelente post