terça-feira, maio 13, 2014

Da limpeza


• João Galamba, Da limpeza:
    «(…) Vamos por partes. A chamada saída limpa não é um sucesso do país; é, isso sim, um falhanço da Europa, que, por não estar disponível para apoiar outra solução, nos deixou sem alternativa. Numa situação normal, esta indisponibilidade para apoiar, primeiro a Irlanda e, depois, Portugal, poderia resultar num desastre. Tal só não sucedeu porque estamos em plena bolha nos juros das dívidas de todos os periféricos. Por causa da bolha, a intransigência dos credores, as disfunções da moeda única e a desastrosa estratégia de austeridade também puderam ter a sua saída limpa. É a bolha, e não um alegado sucesso do programa, que permite ao governo português e aos credores comprar (outra vez) tempo e, assim, salvar a face.

    Sim, estamos perante uma farsa. Os juros não desceram por causa do alegado sucesso dos programas de austeridade. Qualquer análise minimamente séria do que se está a passar facilmente constatará que não é possível dizer que Portugal (e a Irlanda e a Grécia e a Itália e a Espanha) está hoje em melhores condições para pagar a sua dívida do que em 2010, quando a chamada crise das dívidas soberanas começou. Se a dívida, quer a pública quer a externa, é maior; se o PIB é menor; se as taxas de crescimento previstas para o PIB, exportações e investimento são semelhantes às da chamada década perdida; se não houve qualquer transformação estrutural da economia que garanta crescimentos futuros sustentáveis, porque bastou a economia sair da recessão para se perceber que o "sucesso" do ajustamento externo tem pés de barro, então, não pode ser o alegado sucesso do programa que explica a queda dos juros. (…)»

1 comentário :

Anónimo disse...

Quero ver é o que vai acontecer quando a bolha rebentar. E por azar ( costumeiro, diga-se) vai rebentar quando lá estiver o PS, a limpar os cacos que estes merdas vão deixar.
Não se preparem não...