quarta-feira, junho 18, 2014

«Não se combate o populismo
com cedências ao discurso anti-sistema»

• Fernando Medina, Uma questão de diagnóstico:
    «(…) O contexto da inserção internacional da economia portuguesa alterou-se profundamente nas últimas duas décadas, fruto do alargamento europeu a Leste, da intensificação das inovações tecnológicas, da abertura dos mercados europeus às economias emergentes e da adesão de Portugal à moeda única. A combinação simultânea destes choques numa economia periférica com importantes défices nos modernos fatores de competitividade reduziu os ritmos de convergência e gerou uma situação de difícil resposta na esfera nacional. Este quadro foi ainda agravado pela resposta europeia à crise financeira, que não só se mostrou incapaz de resolver a situação como acentuou as divergências dentro da União Europeia.

    Só com uma nova agenda reformista orientada para dar resposta a estes desafios - de inserção internacional da economia portuguesa e de superação de bloqueios internos ao desenvolvimento (com destaque central para a qualificação dos portugueses) - conseguiremos melhorar significativamente a relação dos portugueses com as instituições democráticas. Não se melhora a satisfação com a democracia com menos deputados e menos pluralismo. Não se combate o populismo com cedências ao discurso antissistema. Melhora-se a democracia com mais resultados.

    É nos momentos críticos, como aquele que atravessamos, que a qualidade do diagnóstico é mais determinante. Porque sem um bom diagnóstico vamos falhar nas soluções. E porque nestes momentos o erro tem um custo demasiado alto para todos.»

4 comentários :

Anónimo disse...

E no entanto, como diria o Galileu, 180 deputados, escolhidos pelo povo e não pelas direções partidárias, são mais do que suficientes.

Ricardo Pinto disse...

E no entanto, como diria o Galileu, é mesmo com isso que malta sem emprego, a malta que trabalha e é pobre na mesma, a malta que descobriu na velhice que, afinal, não há solidariedade entre gerações, mais a malta que emigrou para poder ter uma vida decente, toda essa malta está mas é preocupada com encontrar soluções para os seus problemas. E não com mais ou menos deputados... E, até o próprio Seguro o diria, não fosse o facto de estar alapado ao poder...

Corretor disse...



Muito bem.

Já quanto ao primeiro comentário, algo impertinente, 180 Deputados escolhidos DEMOCRATICAMENTE pelo Povo e RESPEITANDO O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE até podem ser suficientes. E muito mais representativos da vontade popular do que 230, ou meia-dúzia, em que um Partido com 37% dos votos nacionais (psd) e outro com menos de 10% (cds/pp) SOMAM MAIS DE 50% DOS DEPUTADOS e podem formar um Governo de "maioria absoluta"!


Isto é que, definitivamente, NÃO É MESMO NADA DEMOCRÁTICO...

Anónimo disse...

Em que é que difere a escolha directa pelo povo da escolha pelo partido eleito por votos directos?
Acaso haverá mais chances de eleger gente mais competente dessa forma?
Gosto de recordar sempre o caso do actual PR...eleito de forma directa, representa melhor o povo?
O problema não está no sistema meus caros, está no povo que não faz a minima ideia do que é viver em democracia e do que o poder que lhe foi concedido implica. A democracia não se reduz ao voto, não se limita pelo voto. Implica cidadania activa TODO O TEMPO, não apenas de 4 em 4 anos.
Se continuarmos a olhar para a politica como uma maçada que temos de fazer de 4 em 4 anos colocando um voto nas urnas, quer estejam deputados eleitos por partidos , quer estejam eleitos directamente pelo povo, a merda vai continuar na mesma. Porque ninguém se dá ao trabalho de FISCALIZAR quem lá mete durante 4 anos.E porque ninguém se dá ao trabalho ( e ao risco, julgam que a resolução de problemas de classe não vai lá com luta e da boa?! )de rebentar com a baderna toda quando um deputado ( um partido?) saiem da linha...
O mal não é só nosso, é geral. A complacencia, a indiferença perante o próximo, o egoismo e o deslumbramento tiveram como consequencia isto mesmo : o descalabro do sistema politico e da democracia.
Os próximos anos o dirão, mas penso que a democracia na sua forma mais pura acabou , para nós portugueses, em 2011.Basta vêr o embróglio em que mergulhou o PS,que na sua desatenção, complacencia e egoismo, não reparou na porcaria que estava a levar ao poder...