O Governo fez uma festa porque a taxa de desemprego foi estimada em 13,1% no 3.º trimestre de 2014. Há razões para isso? Observe-se os dados do INE:
Aos 688,9 mil desempregados oficiais, é preciso acrescentar os 232 mil que se encontravam na situação de subemprego, a que há que somar outros 302,3 mil portugueses que pura e simplesmente desistiram de procurar emprego. Feitas as contas, o desemprego real no 3.º trimestre atingiu 1,2 milhões de portugueses. Se fossem contabilizados, a taxa de desemprego disparava para 22%. Acresce que se fossem também contabilizados os portugueses que se viram forçados a abandonar o país, havia quase 1,6 milhões de pessoas sem emprego em Portugal, o que faz a taxa de desemprego aproximar-se de 30% — quase um terço da população activa. Perante este quadro obsceno, o Governo festejou exactamente o quê?
1 comentário :
Não estou a contrariar os dados e o exercício feito pelo autor do blogue. São correctos e têm muito valor. Aliás, são dados e exercícios necessários para enfrentar o problema.
No entanto, parece-me pouco razoável incluír o emigrantes e os desencorajados na taxa de desemprego oficial, por razões óbvias...
O que eu acho o maior problema, esse sim desonesto e extremamente grave, é o facto de os programas ocupacionais e as formações automáticamente excluírem desempregados inscritos, da estatística da taxa de desemprego oficial. Refiro-me ao seguinte: um desempregado aceita um programa ocupacional ou uma formação. Até pode ficar um mês sem começar o programa. A partir do momento que é aceite pelos serviços do IEFP, é pura e simplesmente retirado da estatística.
E há mais. O que se está a fazer com os programas ocupacionais, é pôr pessoas contra pessoas, especialmente na função pública. Andar a substituir funcionários públicos, que auferem pelo menos do SMN e que têm um contrato de trabalho próprio, por outras pessoas que auferem 375 euros por mês, é horrível! E até me parece ilegal, olhando à Constituição.
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