Esperteza saloia de um governo em apuros

Encostado à parede perante os testemunhos de vários funcionários, o Ministério das Finanças pediu à Inspecção-Geral de Finanças (IGF) para abrir um inquérito «sobre a alegada existência de uma lista de contribuintes na Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), cujo acesso seria alegadamente restrito».

É a Miss Swaps no seu melhor: determina à IGF, um organismo que depende de si, que averigúe a existência da bolsa de contribuintes VIP na AT, outro organismo que depende si. Está assegurada a independência da entidade incumbida da tarefa? Claro que não. É a fuga para a frente de um governo apanhado em contrapé.

Só há uma forma de assegurar que não se está perante uma farsa: pedir a uma entidade fora da Administração Pública que realize o trabalho (v.g., o Tribunal de Contas).