sexta-feira, julho 10, 2015

«Gosto de tempos de antena,
mesmo se são sempre ao serviço dos mesmos»

    «Não me interessando especialmente saber que em Celorico nasceu um porco com cinco patas, ou coisa do género, há muito tinha desertado do jornal da noite da RTP1. Agora estou de volta porque gosto de tempos de antena, mesmo se são sempre ao serviço dos mesmos. Hoje, por exemplo, fiquei regalado. O pivot decidiu que esta noite é que ia arrasar a Grécia de uma vez por todas, não fossem os gregos convencer-se que podiam fazer aos credores o que fizeram aos Persas em Maratona, com as suas falanges de evasores fiscais e pensionistas nababos. Incapaz de estabelecer em bases sólidas que a Grécia não tem um orçamento equilibrado desde o segundo governo Solon (550 a.c.), enveredou o Pivot por enviar a Atenas uma senhora loura, com a missão de inventariar as razões pelas quais o ajustamento grego falhou (ao contrário do nosso, entenda-se). A senhora esclareceu o assunto socorrendo-se dos relatórios do FMI (outra ideia do pivot). Semelhante empreitada dispensava a maçada da deslocação ao berço da democracia e da fraude orçamental. Podia perfeitamente ter lido os papéis confortavelmente sentada no grémio literário, na Lúcia Piloto, ou onde lhe apetecesse. Seja como for, lá explicou o que considerou ter compreendido, embora numa linguagem apropriada para menores de sete anos, categoria social que, como toda a gente sabe, não pode votar. O que não explicou, para nenhum grupo etário, é que o governo grego não podia avançar com as reformas sobre as quais havia acordo enquanto não cedessem na questão da dívida e do superavit primário. E que se o fizesse, tais reformas seriam declaradas "medidas unilaterais". Mas se calhar isto também não vinha nos relatórios do FMI. Não sei. É perguntar ao pivot, que ia tomando conhecimento do rosário de prevaricações com trejeitos de horror, qual Dario a escutar o relato das Termópilas. Enfim, a coisa lá acabou, de forma pouco digna para os tele-helenistas, e passou-se ao futebol, como de costume. Única certeza: amanhã há mais.»

5 comentários :

Noé Chomesqui disse...



A RTP 1 pode ter muitos "gases" e dar muitas bufas todos os dias.


Mas a imensidão da atmosfera se encarregará a seu tempo de reduzir todos esses gases fétidos à sua verdadeira importância.

Anónimo disse...

José Rodrigues dos Santos anda a abusar descaradamente da paciência dos contribuintes que o sustentam. Com a mania que é escritor, porque vende a granel literatura de cordel, tornou-se duma pesporrência intolerável. Mete impressão ver aa caretas furiosas que faz quando fala da Grécia. Compreendo que ele se sinta um marçano do jornalismo depois da vergonhosa reportagem que fez naquele país, onde optou por ouvir os ricaços e instalados (como ele) e omitir o que diz o povo da rua, o que tem fome. Mas ninguém tem culpa das suas frustações. Nem da sua falta de profissionalismo. Nem da sua ausência de credibilidade. Também não temos culpa que Daniela Santiago seja uma nódoa. Portanto, a direcção da RTP que resolva estes dois casos para não lhe mandarmos a nota culpa. Este procedimento, em que o dinheiro public, é gasto com estes incompetentes ao serviço dum governo traidor, é corrupção. Mais nada.





Morgado De Basto disse...

Vivemos um tempo do camango.Coincidências cientificamente calculadas;pastores sem rebanho,pedindo subsídio por ausência de pasto que a seca já vai longa e,finalmente,arrumadores de carros trajados de fato e gravata, fazendo o trabalho sujo necessário para que o fornecedor da dose diária, que vai "saciando"o seu vício físico,não perca o controlo do tráfico.

Se o Partido Socialista,ganhar as eleições legislativas que se avizinham cometerá o maior feito da democracia portuguesa dos últimos quarenta anos.Portugal,hoje,está muito próximo dos piores momentos do reinado do estado novo.

Com o rumo que o país está a trilhar,não tardará muito que uma de duas coisas,inevitavelmente,aconteça:O PS convocar o povo para as ruas e praças das cidades e aldeias deste país e em força pôr fim ao golpe de estado em curso,ou então,o próprio PS encomendar as exéquias da sua morte.

O tempo que se está vivendo em Portugal é um tempo de Chacais a soldo dos ressabiados que em tempos exploraram as antigas Colónias e os seus povos e hoje dominam claramente o poder politico,financeiro e administrativo do Estado Português.

arebelo disse...

Pedindo desculpa ao Sr.Morgado de Fafe pela "adenda"ao seu comentário que à semelhança de outros muito apreciei,a propósito dos "piores momentos do reinado de estado novo",gostaria de abordar as coincidências que se repetem com o processo de Sócrates.Isto porque depois de ontem termos assistido à evidência a que chegou o "Estado da Nação"com dados objectivos nomeadamente pela intervenção de João Galamba e não esteve só e a não menos evidente demonstração da monstruosa nulidade que é o alegado primeiro-ministro cujas intervenções devem ter levado muitos mamões do pote a abalos cardíacos,depara-se-me em contínuos rodapés televisivos como "última hora",a prisão (e não detenção para ser interrogado) de Armando Vara enrolado no processo Sócrates,como não podia deixar de ser,num espantoso timming de uma cirurgia política de compêndio.E farto de coincidências deste natureza só pergunto,há ou não uma coordenação dos meritíssimos com as "regies" laparotais em abnegados esforços no quadro da campanha eleitotal?

Morgado De Basto disse...

Meu caro arebelo,o Morgado é De Basto.O de Fafe, è pertença do Grande Camilo,nome maior da literatura portuguesa!

Abraço.