• Estrela Serrano, Liberdade de imprensa e escrutínio dos poderes:
- «(…) A figura do jornalista-assistente, que tudo indica estar na origem da decisão do tribunal relativamente ao grupo Cofina, deveria merecer uma discussão aprofundada entre os jornalistas, dado conflituar com a independência e a equidistância que o jornalista deve manter relativamente às suas fontes, neste caso o Ministério Público e a Polícia Judiciária.
Um jornalista-assistente coloca-se do lado do Ministério Público, isto é da acusação, assumindo os seus valores e a sua verdade. Nesta situação, o jornalista torna-se parte do processo, participando das actividades sobre as quais escreve, o que é contrário à ética e à deontologia da profissão.
A defesa da liberdade de imprensa é inseparável da defesa dos valores e dos princípios que regem a actividade jornalística, os quais não se coadunam com a dependência e o seguidismo que se têm verificado na cobertura dos casos judiciais que envolvem o ex-primeiro-ministro e outras figuras públicas.
Se o escrutínio dos poderes, entre os quais o poder político, é uma das mais importantes funções do jornalismo não se compreende por que razão o poder judicial escapa a esse escrutínio.»
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