Não vai chegar todo o tempo que possa ter disponível para este blog.
Só à custa da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e dos seus inúmeros cursos, cursinhos e cursilhos em pós pós graduações em quase tudo, levaria tempos e tempos infindos.
Já percebo o nível da nossa instrução e dos nossoa laureados. Enquanto este País for de "faz de conta" tudo está bem e só os tontos são sérios e pagam impostos: Viva o salve-se quem puder!
A existência de regras claras à partida parece não funcionar em instituições corporativas do ensino superior universitário e politécnico uma vez que não existe qualquer tipo de punição para quem não as cumpra. Na maioria dos casos a distribuição de carga lectiva com horário pré definido nem sequer existe. Daí resulta a impossibilidade de verificação de assiduidade por confronto de horas previstas e dadas com óbvias consequências a nível financeiro e pedagógico. Resulta também a impossibilidade de exercer uma política de recusos humanos racional, sobretudo se tal for acompanhado da existência de prestação de serviço docente a recibo verde para cobrir as "faltas" que nem sempre significam carência de recursos. Para tudo isto existem indícios facilmente detectáveis através de bases de dados nacionais, da contabilidade das instituições, de folhas de assiduidade impecavelmente preenchidas sem correspondência na assinatura de sumários. A tudo isto fecham os olhos dirigentes, conselhos científicos e pedagógicos, estudantes e tutela.
Na Universidade de Coimbra (aquela que conheço) a distribuição do serviço docente é elaborada e votada nos Conselhos Científicos das Faculdades em Março do ano lectivo anterior a que se refere, e é ratificada pelos serviços da Reitoria depois de verificados todos os requisitos dispostos na lei - ECDU - número mínimo e máximo de horas, para licenciaturas (e dentro destas estágios curriculares) e pós-graduações, dispensas de serviço, sabáticas, acumulações, entre outros. Quem quiser verificar a assiduidade (de professores e alunos) pode fazê-lo confrontando in loco o cumprimento dos horários elaborados de acordo com a dita distribuição de serviço. Se a questão é a assiduidade e o cumprimento de horários devem ir verificar também: transportes públicos, hospitais, tribunais, etc... Quanto ao resto, a avaliação das Universidades é feita por Comissões Internas e Externas, estas últimas compostas por professores nacionais e estrangeiros. Os relatórios são publicados e estão ao alcance de qualquer um. Tirando os relatórios de contas das empresas, poucas instituições em Portugal apresentam informação sobre o seu trabalho e a sua produtividade. Mais ainda: tal produtividade pode ser aferida indirectamente via Fundação para a Ciência e Tecnologia onde se podem ver as bolsas (mestrado, doutoramento) atribuídas aos malvados investigadores (quase todos docentes universitários)e os seus resultados. Também se pode aí aferir o tempo que em média os Professores Universitários dedicam à docência (atendimento individual incluído, quando não tutorado), ao trabalho administrativo e de gestão (não remunerado), à investigação e ao restante trabalho científico (por exº, orientação de candidatos a mestrado e doutoramento e júris de teses, dentro e fora da sua Universidade, trabalho não remunerado. Eu sei que é pouco trabalho comparado com um jornalista ou um ministro (nomeadamente quando se comparam remunerações e altíssimos privilégios) e que, principalmente, não pode ser bem feito enquanto se salta alegremente de universidade em universidade pelo país fora. Todavia, é muito mau meter tudo no mesmo saco. Quanto às boas e más práticas... fica para outra altura.
O post anterior espelha bem o pensamento corporativo. Não me parece correcto justificar a questão do cumprimento ou não da assiduidade de um grupo corporativo com o seu cumprimento ou não por outros grupos com características idêntitas. Exemplificando, se forem 4 horas, o meu relógio marcar 4 horas e outros tiverem relógios a marcar 3.50 e 4.10, embora eu esteja em minoria não deixam de existir relógios que estão atrasados e adiantados... Por outro lado, não sei por que razão a avaliação externa em questões administrativas e de gestão deve ser feita apenas por docentes. Afinal de contas se não se justifica que um indivíduo com formação jurídica ou em gestão o faça a nível científico e pedagógico não sei por que cargas de água se considera que todos os docentes nascem com dotes jurídicos e de gestão...
À notícia ainda lhe faltam as acumulações com actividades não docentes que resultam, no que conheço, em alguns casos com médias anuais de horas leccionadas inferiores a meia hora semanal! A falta é suprida com convites a amigos, pagos a recibos verdes, que dão as aulas pelas quais o docente em causa é pago, ou seja, recebem 2 pelo mesmo trabalho.
Deixo um recado aos senhores professores sérios, em vez da habitual soberba de comentários do género "é inveja", substituam-no por "investigue-se e punam-se os infractores." Se são cumpridores, é pela transparência que devem pugnar. Os outros também fazem? Se eu matar um homem e o meu vizinho matar dois, não deixo de ser um assassino só por ter assassinado menos um que o meu vizinho, matámos os dois, não é?
Termino com um "e se houvesse investigação?". Ai! Aiaiuiaiai! UI! AI UI! Tantos cavalos se veríam aliviados do peso dos seus imperiais cavaleiros!
9 comentários :
Li a notícia. Mas que grande bandalheira.
Não vai chegar todo o tempo que possa ter disponível para este blog.
Só à custa da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e dos seus inúmeros cursos, cursinhos e cursilhos em pós pós graduações em quase tudo, levaria tempos e tempos infindos.
Sugeria que começase pelo cursilho do VItal...
Já percebo o nível da nossa instrução e dos nossoa laureados.
Enquanto este País for de "faz de conta" tudo está bem e só os tontos são sérios e pagam impostos:
Viva o salve-se quem puder!
É a inveja a funcionar...Razão tinha o Eng. Guterres, quando afirmou que este é um País de invejosos...
E 6 mil contos ao fim do mês...
A existência de regras claras à partida parece não funcionar em instituições corporativas do ensino superior universitário e politécnico uma vez que não existe qualquer tipo de punição para quem não as cumpra. Na maioria dos casos a distribuição de carga lectiva com horário pré definido nem sequer existe. Daí resulta a impossibilidade de verificação de assiduidade por confronto de horas previstas e dadas com óbvias consequências a nível financeiro e pedagógico. Resulta também a impossibilidade de exercer uma política de recusos humanos racional, sobretudo se tal for acompanhado da existência de prestação de serviço docente a recibo verde para cobrir as "faltas" que nem sempre significam carência de recursos. Para tudo isto existem indícios facilmente detectáveis através de bases de dados nacionais, da contabilidade das instituições, de folhas de assiduidade impecavelmente preenchidas sem correspondência na assinatura de sumários. A tudo isto fecham os olhos dirigentes, conselhos científicos e pedagógicos, estudantes e tutela.
Na Universidade de Coimbra (aquela que conheço) a distribuição do serviço docente é elaborada e votada nos Conselhos Científicos das Faculdades em Março do ano lectivo anterior a que se refere, e é ratificada pelos serviços da Reitoria depois de verificados todos os requisitos dispostos na lei - ECDU - número mínimo e máximo de horas, para licenciaturas (e dentro destas estágios curriculares) e pós-graduações, dispensas de serviço, sabáticas, acumulações, entre outros. Quem quiser verificar a assiduidade (de professores e alunos) pode fazê-lo confrontando in loco o cumprimento dos horários elaborados de acordo com a dita distribuição de serviço. Se a questão é a assiduidade e o cumprimento de horários devem ir verificar também: transportes públicos, hospitais, tribunais, etc... Quanto ao resto, a avaliação das Universidades é feita por Comissões Internas e Externas, estas últimas compostas por professores nacionais e estrangeiros. Os relatórios são publicados e estão ao alcance de qualquer um. Tirando os relatórios de contas das empresas, poucas instituições em Portugal apresentam informação sobre o seu trabalho e a sua produtividade. Mais ainda: tal produtividade pode ser aferida indirectamente via Fundação para a Ciência e Tecnologia onde se podem ver as bolsas (mestrado, doutoramento) atribuídas aos malvados investigadores (quase todos docentes universitários)e os seus resultados. Também se pode aí aferir o tempo que em média os Professores Universitários dedicam à docência (atendimento individual incluído, quando não tutorado), ao trabalho administrativo e de gestão (não remunerado), à investigação e ao restante trabalho científico (por exº, orientação de candidatos a mestrado e doutoramento e júris de teses, dentro e fora da sua Universidade, trabalho não remunerado. Eu sei que é pouco trabalho comparado com um jornalista ou um ministro (nomeadamente quando se comparam remunerações e altíssimos privilégios) e que, principalmente, não pode ser bem feito enquanto se salta alegremente de universidade em universidade pelo país fora. Todavia, é muito mau meter tudo no mesmo saco. Quanto às boas e más práticas... fica para outra altura.
O post anterior espelha bem o pensamento corporativo. Não me parece correcto justificar a questão do cumprimento ou não da assiduidade de um grupo corporativo com o seu cumprimento ou não por outros grupos com características idêntitas. Exemplificando, se forem 4 horas, o meu relógio marcar 4 horas e outros tiverem relógios a marcar 3.50 e 4.10, embora eu esteja em minoria não deixam de existir relógios que estão atrasados e adiantados...
Por outro lado, não sei por que razão a avaliação externa em questões administrativas e de gestão deve ser feita apenas por docentes. Afinal de contas se não se justifica que um indivíduo com formação jurídica ou em gestão o faça a nível científico e pedagógico não sei por que cargas de água se considera que todos os docentes nascem com dotes jurídicos e de gestão...
À notícia ainda lhe faltam as acumulações com actividades não docentes que resultam, no que conheço, em alguns casos com médias anuais de horas leccionadas inferiores a meia hora semanal! A falta é suprida com convites a amigos, pagos a recibos verdes, que dão as aulas pelas quais o docente em causa é pago, ou seja, recebem 2 pelo mesmo trabalho.
Deixo um recado aos senhores professores sérios, em vez da habitual soberba de comentários do género "é inveja", substituam-no por "investigue-se e punam-se os infractores." Se são cumpridores, é pela transparência que devem pugnar. Os outros também fazem? Se eu matar um homem e o meu vizinho matar dois, não deixo de ser um assassino só por ter assassinado menos um que o meu vizinho, matámos os dois, não é?
Termino com um "e se houvesse investigação?". Ai! Aiaiuiaiai! UI! AI UI! Tantos cavalos se veríam aliviados do peso dos seus imperiais cavaleiros!
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