domingo, maio 28, 2006

Os cordeiros também se abatem [1]

Há um fio condutor implícito na análise do tufão que varreu o sector dos medicamentos: se até agora João Cordeiro havia conseguido vergar todos os governos, a inesperada rendição do presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) só poderia ser bluff do patrão dos patrões das farmácias.

A verdade é que havia diversos sinais que indiciavam estarem reunidas as condições para uma alteração profunda da regulamentação da actividade das farmácias:

    • A opinião pública estava suficientemente esclarecida acerca da natureza obsoleta dos privilégios dos proprietários das farmácias (que faziam sentido numa época em que os farmacêuticos manipulavam e fabricavam os medicamentos);
    • O Orçamento do Estado para 2006 (art. 8.º) retirara à ANF o “monopólio” na intermediação financeira dos pagamentos do Serviço Nacional de Saúde;
    • A Autoridade da Concorrência fizera uma recomendação nesse sentido, fundamentada num estudo encomendado à Universidade Católica;
    • A situação actual, em que se antevia que algo iria acontecer, tornara a situação complicada no seio da ANF, na qual surgiam vozes a pôr em causa a (in)capacidade de João Cordeiro (v.g., a alienação de farmácias caíra a pique);
    • A vontade do Governo em mudar “um regime de condicionamento reconhecidamente anacrónico e que perdurou tempo de mais” também deve ter contado alguma coisa.

Não creio que seja adequado analisar a situação como se a única entidade dinâmica neste processo fosse a ANF, que daria cartas perante o “estado geral de bovinidade”. Marcelo acabou de “explicar” o que se passou: depois de João Cordeiro ter ficado atordoado com uma “pantufada”, negociou em situação de inferioridade.

1 comentário :

Anónimo disse...

ANF, 1 – GOVERNO, 0.
Cordeiro, 1 – Sócrates, 0.
jcd, 2 – “Miguel”, 0.
O Insurgente, 4 – CC, 0.