sábado, junho 09, 2007

"Se o Estado não valoriza social e institucionalmente os seus juízes..."




Se o Estado não valoriza social e institucionalmente os seus juízes, quem o fará?”, perguntava Paulo Pereira Gouveia, juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal. Aparentemente, coube ao Jornal da Madeira, propriedade do Governo de Alberto João e do episcopado do Funchal, dar resposta a este apelo lancinante do juiz nas páginas do DN de 6 de Outubro de 2005, pagando-lhe as férias em Porto Santo (segundo a Visão).

Foi ao juiz Paulo Pereira Gouveia que coube a sorte de ter de apreciar o pedido de suspensão da eficácia, requerida pela Região Autónoma da Madeira, das verbas retidas pelo Ministério das Finanças por Alberto João ter ultrapassado os limites de endividamento previstos na Lei de Enquadramento Orçamental (uma lei de valor reforçado).

Paulo Pereira Gouveia não teve dúvidas: restituam-se desde já as verbas retidas e depois logo se vê o que dará a processo principal que está a correr. Veja-se o seguinte:

    • A Lei de Enquadramento Orçamental determina, claramente, que, se as regiões autónomas excederem os limites de endividamento previstos no orçamento do Estado, uma quantia de igual valor deverá ser reduzida nas transferências para a região no ano seguinte;
    • O Orçamento do Estado para 2005 estabelecia, sem margem para dúvidas, que as regiões autónomas não podiam aumentar o seu endividamento, salvo autorização expressa do Ministério das Finanças;
    • O INE apurou que, em 2005, a Região Autónoma da Madeira aumentou, sem autorização, o seu nível de endividamento;
    • Consequentemente, o ministro das Finanças determinou que, nas transferências de 2006 para a Região, seria deduzida uma quantia que visava compensar o endividamento em excesso.

E, perante estes factos, que concluiu o juiz do Funchal (o mesmo que, enquanto representante da Comissão Nacional de Eleições, havia decidido que a presença de bandeiras do PSD em inaugurações oficiais do Governo Regional da Madeira não levanta qualquer problema)?

Concluiu, claro está, que a decisão do Ministro das Finanças é manifestamente ilegal. Não é apenas ilegal, é manifestamente ilegal! Não se está mesmo a ver? O endividamento excessivo, como se suspeitava, não é manifestamente ilegal.

__________
Nota — Sobre Paulo Pereira Gouveia e a Zona Franca do Funchal: aqui e aqui.

14 comentários :

Anónimo disse...

É caso para dizer ""Todos defendemos o Estado de direito desde que não nos bata à porta."

ao que chega um país de direito democrático!

se não fosse dramático, até dava para rir!

Anónimo disse...

Espectaular pesquisa
Não há adjectivos
Ou como diria o Almirante Tomás
Só há um adjectivo: gostei

Anónimo disse...

Não ouvi nenhum juiz a comentar o 28º lugar na corrupção judicial.

http://www.transparency.org/

Anónimo disse...

E ainda há quem se atire ao Saldanha Sanches! Afinal, com razão. Não é que o Professor se esqueceu das Regiões Autónomas... E só se lembrou do Ministério Público...

Anónimo disse...

E ainda há quem se atire ao Saldanha Sanches! Afinal, com razão. Não é que o Professor se esqueceu das Regiões Autónomas... E só se lembrou do Ministério Público...

Anónimo disse...

Mais um juiz mentalmente partidarizado, que não reune as condiçoes de indepencia a que um juiz está obrigado, sem ética e moral para desempenhar tal cargo. Dito isto, este sr. deve ser excluido das funções que exerce, passando a secretario pessoal do "BOKASSA" DA MADEIRA,cargo que naturalmente assenta como uma luva (luvas?...)
A corrupçao é um vírus a que a classe de magistrados não está imune, afirmações que houvi por aí...

Anónimo disse...

É corrente junto da opinião publica, nos cafes ou noutro local de conversa,que a corrupção alastra junto dos magistrados. Se, alguem se der ao trabalho de fazer um inquerito junto do publico, com a seguinte pergunta:
-acha que na magistratura há ou não corrupção?
Tenho a certeza que a resposta seria (HÁ) avassaladora.

Anónimo disse...

Miguel:
É pena que apague comentários correctos e justo, quando deixa passar escarradelas como as anteriores.

Mas manda quem pode - e faltam só 2 anos para as Legislativas.

Azul Neblina disse...

Enfim, é o país que temos, com a mediocridade a alastrar transversalmente. Provavelmente temos a classe de juízes mais mal formada humana e tecnicamente da Europa, uma espécie de prolongamento de ideário de café (ou de tasca). E ainda barafustaram estes doutos juízes com o congelamento dos salários na função pública. Enfim, quase que mete asco não fosse já estar (infelizmente) habituado a este género de coisas.

Anónimo disse...

Insultar os juízes passa no filtro; insultar o merda do Abrantes e a corja dos políticos corruptos que levaram este país à miséria não passa.

Anónimo disse...

Oh "azul neblina",

Também estou farto da "chulice" madeirense, BOKASSA e restantes madeirenses incluídos, mas decisões como esta não são culpa única do juíz cooptado pelo PSD. Também há, e muitos, juízes "capturados" pelo PS.

A título de esclarecimento: reveja a fase de instrução do processo Casa Pia...

Tá a ver o que pretendo ilustrar ?!!!

Azul Neblina disse...

Ora, eu não estava a insultar os juízes. São uma escória. Não creio ser um insulto. É um facto. Dir-me-ão: uma opinião. Eu objecto: é mesmo um facto. Não tem a ver com o facto de estarem alinhados com PS, PSD, X, Y , Z ou ómega. A maior parte deles envergonham-me como português. E tenho tudo dito. Se acham que estou a ser preconceituoso, tant pis: assumo o meu preconceito a toda a linha.

Anónimo disse...

esse juiz não é o mesmo que tem dado grandes derrotas ao governo e as camaras do psd-madeira?

não sejamos injustos.

Anónimo disse...

ver noticias:

- alberto joão jardim pede extinção do tribunal administrativo do funchal ......

- urbanização vip funchal.

fazem falta tomates?