“O PS opôs-se à privatização de toda a comunicação social do Estado, se dependesse do PS o Diário de Notícias ainda seria do Estado, e opôs-se ao fim do monopólio da RTP e à criação dos canais privados.”
José Pacheco Pereira, historiador [in Público de hoje]
O historiador Pacheco Pereira volta hoje a barricar-se na RTP — para falar do papel da estação pública como “aparelho ideológico do Estado”, dando um sentido diverso do que lhe quis dar o autor desta noção. Para Althusser, o próprio Pacheco faz parte do(s) aparelho(s) ideológico(s) do Estado.
Pacheco Pereira, o autor do projecto que visava impedir jornalistas de circularem pelos corredores do Parlamento, diz que, para escrever este artigo, se baseou nuns “recortes (…) guardados pro memoria numa pasta que diz RTP”. Ou a “pasta que diz RTP” é muito pobrezinha ou Pacheco mente.
Convém recordar que, já com Pacheco a colocar o bestunto ao serviço do PSD, este partido propôs que continuasse a existir um jornal do Estado. Importa ainda recordar que, em 1975, o programa do PSD era, em matéria de televisão, contra a liberdade de fundação de empresas capitalistas... O PSD mudou de posição nos anos 80, como, aliás, um pouco mais tarde o PS, mas teve essa posição. E é falso que o PS tivesse estado contra a abertura da televisão à iniciativa privada na altura em que ela se concretizou, graças precisamente a uma revisão constitucional e a uma lei da Assembleia da República aprovada também pelo PS, com base em vários projectos, um dos quais socialista.
Para que não subsistam dúvidas acerca das mentiras que o artigo de Pacheco contém, socorro-me de um livro de Alberto Arons de Carvalho [Valerá a pena desmenti-los?, Minerva, Coimbra, pp. 13-21], reproduzindo extractos de uma carta a Amândio de Oliveira, o Subsecretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto [Marques Mendes, o dos telefonemas para fazer as notícias e o alinhamentos dos telejornais] com a tutela da comunicação social.
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