A verdade é que há uma hipótese — e é o que preocupa a blogosfera — de salvar o famoso Plano B, lançando mão a um plano de emergência (a escolha da letra para o identificar pode ser deixada ao livre arbítrio do Autor). Para isso, o PPM tem de entender o que está em causa. Por exemplo, se ele se colocasse no lugar de um alto quadro de uma empresa do PSI-20:
- • Não se sentiria insultado se lhe oferecessem uma mulher delambida em papel, com uma qualidade de impressão inferior à dos calendários das casas de pneus, quando esses altos quadros podem, num momento de aflição, entregar-se, sem embaraço de maior, a uma massagem tailandesa (talvez coberta pelo seguro de saúde suportado pela empresa)?
• Não se sentiria frustrado, tendo em conta que esses altos quadros têm o tempo contado, se no seu jornal de eleição se visse constrangido a ler algo sobre um tal Gonçalves, cuja obra, eventualmente relevante, é desconhecida, descontada “uma lista de [sic] 100 melhores filmes americanos, a que Gonçalves se refere com a crítica e o humor habituais”?
• Não se sentiria gozado se, com o mundo em sobressalto, o seu jornal de negócios o convocasse a debruçar-se sobre blogues com títulos tão sugestivos como Bitaites, Blogotinha, Crónica do Migas, Horizonte Artificial, Jardinagens, Lena d’Água, Lisboa Oh Yeah ou O Senhor Prendado?
PS — Ia-me esquecendo de um aspecto: num jornal de economia, que se preocupa com o rigor dos números, o estilo adoptado não pode ser o da pequena intriga e do amiguismo do Independente. Até porque, quando a coisa não é feita com conta, peso e medida, há quem se sinta numa situação desconfortável: A blogosfera agora tem o seu Carlos Castro.
1 comentário :
Caro amigo Miguel Abrantes. Como o tenho por um Mestre destas coisas da blogosfera, é o motivo mais que suficiente para que eu às quatro da manhã depois de vir dos copos perca aqui um pedacito antes de ir fazer o que seria normal a esta hora. Sabendo mesmo que, com certeza, nem tão pouco me responderá.
Mas é com os verdadeiros Mestres que eu quero aprender. E portanto até poderei ter a sorte que o senhor me atenda.
«Não se sentiria gozado se, com o mundo em sobressalto, o seu jornal de negócios o convocasse a debruçar-se sobre blogues com títulos tão sugestivos como Bitaites, Blogotinha, Crónica do Migas, Horizonte Artificial, Jardinagens, Lena d’Água, Lisboa Oh Yeah ou O Senhor Prendado?»
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Então analise comigo o parágrafo que copiei para aqui.
Claro que o Miguel não sabe, mas eu escrevo num blogue da periferia blogosférica, desses 99% que andam para aí a transporcar.
Eu baptizei o meu blog, por vários motivos que não interessam para nada, de O Último Pingo.
Ora queixa-se o Miguel que o Jornal de Negócios, que é lido pela nata empresarial nacional, em tempos de conjuntura difícil roçaria o ridículo se perdesse o seu tempo a debruça-se sobre blogues como a Blogotinha, Crónica do Migas ou Horizonte Artificial. Se calhar não está errado. Bom, mas eu imagino o que não seria a vergonha, estar em cima da mesa, e isto segundo o Miguel, um blog que tivesse o nome de O Último Pingo, logo agora no Outubro negro das praças financeiras internacionais a fazer lembrar o ano da depressão de 1929. Aceito que seria despropositado. Inconcebível até.
Deu-me então a curiosidade de saber quem o amigo Miguel selecciona tão criteriosamente para a da praxe coluna da direita, e que, com toda a certeza, esses sim, não envergonham ninguém pelo seu nome.
E quando começarem a animar os mercados e a liquidez dos bancos for maior, então quem sabe se não poderão estar em cima da mesa do director do Jornal de Negócios blogs como: french kissing, akiagato, A passarinha, A piranha (espero que não seja um blog brasileiro), bloguitica, carago sim… carago e pronto, chega. Fico só por aqui.
Isto fez-me pensar. É assim tão importante o nome das coisas? É critério de escolha?
O meu amigo, num processo de selecção de uma jornalista para trabalhar consigo, se ela tivesse o azar de chamar Carla Vanessa, você dar-lhe-ia, e porque é uma jóia de pessoa, o lugar de paquete, ou cometia uma loucura?
Se fosse um tal de PDuarte que anda por aí a escrever boçalidades a apresentar numa editora um livro com o nome “O amor é fodido”, de certo não passaria do segurança do hall.
Um livro com esse título, numa mesa de um Jornal lido pela direita empresarial, era afixado no Índex para queimar sem folhear uma página.
A Gaiola Aberta do JoséVilhena, o primeiro suspiro da liberdade do humor popular português depois do 25 de Abril, se nos dias de hoje fosse nome de blog, claro que não seria um blog sugestivo.
Ó Miguel, não será este complexo de superioridade de uma certa casta intelectual que nos torna a todos ridículos e impróprios para consumo?
Principalmente a quem nos vê de fora.
Um abraço de estima.
ps- mas depois disto vou mudar o nome ao meu blog. não quero ser um marginal.
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