sábado, novembro 22, 2008

A palavra aos leitores - Sobre os incentivos institucionais




O leitor Eduardo Luís F. enviou-nos um e-mail em que sublinha a importância dos “incentivos institucionais para substituir as más práticas por boas”. Vale muito a pena ler atentamente o excerto que se reproduz [sublinhados do CC]:
    «(...) Não considero que os "professores" não trabalhem o suficiente; nem acho que não se preocupam com os alunos. Falar nos "professores" em geral e tecer considerações desse tipo não faz sentido. Uns trabalharão muito e outros pouco (e é por isso que precisamos da avaliação, porque agora ninguém sabe quem são uns e os outros). Mas há coisas muito reveladoras sobre aquilo que os professores não fazem, deviam fazer e, note-se, fariam se fossem a isso incentivados.

    Noto que a Ministra da Educação deixou cair os critérios relativos aos resultados escolares dos alunos e do abandono escolar da avaliação de professores. Talvez seja, neste ano e dada a balbúrdia instalada, justificável. Ora, o que é verdade é que um familiar meu, que é psicólogo numa EB 2/3, teve mais visitas de professores nestas semanas do que nos últimos anos lectivos inteiros (e ele diz que o mesmo se passa com a assistente social do mesmo estabelecimento). Porquê? Porque os professores apareceram subitamente preocupados com o perfil psico-sociológico de crianças em risco de abandono, com as condições económicas e culturais da família, etc., para perceberem como é que podiam ajustar as suas estratégias de combate ao abandono à difícil realidade daquelas crianças. Engraçado, não é?

    Isto significa que os professores estavam a responder ao incentivo, e que só a inclusão de um critério como este leva os professores a interessarem-se realmente por formas que ajudem a evitar o abandono escolar dos miúdos. Significa que sem este sistema os professores são preguiçosos? Não, significa que precisam incentivos institucionais para substituir as más práticas por boas (e isto responde à conversa oca dos sindicatos, com a sua defesa de que avaliação deve ser apenas formativa: ora, esta também o é, no sentido que leva a que os professores mudem de práticas), e com real impacto na vida escolar (e não só) dos seus alunos. É por isso que tem que haver avaliação».

1 comentário :

Anónimo disse...

É por estas e por outras que deixem o ensino público.

O professor ensina. O professor não substitui os psicólogos, os sociólogos, os médicos, os assistentes sociais, os juízes, os markteers, etc.

O professor de Ciências Físicas e Químicas sabe de Ciências Físicas e Químicas e tem que estudar para se manter actualizado, não sabe quase nada nem de Psicologia, nem de Sociologia. Se quisesse saber dessas matérias, tinha tirado a licenciaturas nessas áreas.

Acho que ainda pouca gente percebeu que estas teorias das "ciências" da educação servem APENAS e SÓ para garantir o emprego de pessoas que nunca teriam trabalho se não se servissem da escola pública e do trabalho dos professores. Esta é que é a verdade.

Enquanto este tipo de pessoas andar a comer às custas do Orçamento de Estado para a Educação, nunca teremos um ENSINO em condições.

Disse.