segunda-feira, março 30, 2009

A palavra aos leitores

O leitor Francisco C. enviou-nos um e-mail cujo título é o seguinte: "Charles Smith: incongruente, à rasca, ou ambas as coisas?" Aqui fica o essencial do que escreveu:
    "(...) Não sei se alguém reparou num pequeno pormenor da conversa de Charles Smith (que manifestamente estava à rasca para justificar onde é que tinha enfiado uma pipa de massa que o Freeport lhe havia pago). No meio da sua atrapalhação, diz Smith: «na altura, em 2002, quando Sócrates aprovou o empreendimento em vésperas da queda do Governo, não foi por dinheiro, foi uma estupidez».

    Ora, os únicos actos relativos à viabilização do Freeport em que Sócrates podia ter tido alguma intervenção foram esses, de Março de 2002. E se esses não foram feitos por dinheiro, então que razão haveria para mais tarde pagar o que quer que fosse a José Sócrates? Ele não tomou nenhuma outra decisão quanto ao empreendimento que pudesse justificar um pagamento!!!

    Outra incongruência do aflito Smith vem a seguir. Perguntado sobre por que é que pagou a Sócrates quando ele já nem se encontrava no poder, responde Smith: «ah, ele é um tipo muito importante, com muitos conhecimentos e tal, portanto, não podíamos deixar de honrar o compromisso». Mas qual compromisso? Compromisso para quê ou em troca do quê? Pois se Smith tinha acabado de reconhecer que a única decisão em que Sócrates podia ter tido alguma intervenção não havia sido tomada por dinheiro!!!

    Em síntese, não se compreende qual o rationale para pagar a Sócrates. Mas uma coisa parece poder concluir-se: todo o vasculhar quanto às decisões de Março de 2002 (se o processo de avaliação ambiental foi ou não rápido de mais, se a alteração da área da ZPE era ou não legal, etc.) – actividade a que a imprensa se tem dedicado com afinco ao longo dos últimos meses – é inútil, já que essas decisões não foram tomadas por dinheiro, como o próprio alegado-corruptor admite."

1 comentário :

Ana Luisa Martins disse...

João Palma não só lançou insinuações acerca de supostas pressões sobre os magistrados do Ministério Público que investigam o caso Freeport, como agora as alimenta pedindo uma audiência o Presidente da República. Será que as pressões a que se refere são as sucessivas fugas ao segredo de justiça, que só poderão ser protagonizadas por gente que teve acesso ao processo?
A verdade é que ninguém quer que se faça justiça neste caso a não ser que Sócrates seja condenado, se tudo apontar para a inocência do primeiro-ministro vão preferir insinuar que alguém fez tudo para que não se apurasse a verdade.
Só que o caso Freeport já são dois casos, o das suspeitas iniciais e o da manobra que envolveu toda a campanha a que temos assistido.
«Pergunte-se ao magistrado se tem filiação ou simpatia partidária.