segunda-feira, maio 11, 2009

Ainda o 1.º de Maio

Paulo Jorge Vieira — que o Carlos Vidal já deve, a esta hora, ter feito em fanicos — reproduz um extracto do artigo de Daniel Sampaio na Pública de ontem:
    «Muito se escreveu já sobre os acontecimentos do 1º de Maio, em que os incidentes que envolveram Vital Moreira ocuparam o primeiro plano. Passado algum tempo, importa reflectir: o que aconteceu foi um sintoma. Não sucedeu uma demonstração do “sofrimento dos trabalhadores” , como depressa os dirigentes da CGTP quiseram fazer crer, antes ocorreu mais uma demonstração de desrespeito e de falta de atenção ao outro, como vem a acontecer na sociedade portuguesa.

    O que é grave é a desculpa sistemática, a pretensa compreensão e a justificação elaborada, surgidas à pressa depois de incidentes que o simples bom senso e a educação mais elementar criticaram sem receio. Como é possível tentar legitimar comportamentos que nunca poderão ser aceites, pelo facto de porem em causa a base do relacionamento interpessoal e o diálogo democrático? Como é possível considerar “agent provocateur” Vital Moreira, como afirma certo politólogo no Público de 3 de Maio?

    É certo que os partidos convivem mal com quem os deixa e atinge notoriedade, mas a simples tentativa de “explicar” aquelas atitudes deve merecer condenação. Impressiona verificar como os agentes políticos tentaram tirar partido do incidente, com alguns a não criticar o essencial: a falta de respeito por quem pensa diferente. É este afrouxamento da crítica sobre a quebra das regras de convivência que permite desculpar a indisciplina na sala de aula (por “problemas” dos alunos) ou a agressão do futebolista Pepe, depressa apagada pela desculpa da “cabeça quente”. Convém clarificar: só teremos êxito como educadores quando não transigirmos perante tudo o que colocar em causa a possibilidade de nos ouvirmos uns aos outros.»

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