sábado, maio 09, 2009

Da sede mediática à paixão




Os juízes e os magistrados do Ministério Público estão desgastados pela promiscuidade com os media e pelas quebras constantes, sempre “muito oportunas”, do segredo de justiça.

Não são apenas vozes autorizadas, como a de Mário Soares, de Jorge Sampaio ou do Bispo D. Januário, que vêm criticando as magistraturas pela sua sede mediática e pela escassa fiabilidade que têm revelado. É já a população em geral, que antigamente tinha representações muito favoráveis sobre os magistrados, que começa notoriamente a mudar de ideias.

Os resultados da sondagem hoje divulgada pelo Expresso são muito significativos. Veja-se:
    A actuação dos juízes tem sido:

      Positiva – 9,9
      Negativa – 48,6
      Nem boa, nem má – 28,2

    A actuação do Ministério Público:

      Positiva – 18
      Negativa – 43,3
      Nem boa, nem má – 19,2

    A diferença para 100 por cento corresponde a resposta de “Não sabe” ou “Não responde”.
No mesmo dia, o Sol dá conta da revogação pelo Tribunal da Relação de Lisboa de um despacho do juiz Carlos Alexandre. Sem querer insinuar nada, tenho reparado que, nos últimos meses, não há processo do juiz Alexandre cujos elementos não acabem, por coincidência, nas páginas dos jornais e revistas (e sempre em certos jornais e revistas). Não acho que esta mediatização seja boa para a justiça, como demonstra a sondagem do Expresso.

Mas pior ainda será a desconfiança, que é criada por um acórdão do Tribunal da Relação citado pelo Sol, de que a argumentação de Carlos Alexandre, no despacho acima referido, “peca por alguma falta de objectividade na análise do caso concreto”, considerando mesmo que foi feita com “uma paixão que não poderá existir em quem tem o dever de decidir”.

No caso, o juiz não quis aplicar uma suspensão do processo a banqueiros envolvidos na Operação Furacão, que pagaram as dívidas fiscais como prevê a lei, em benefício do Estado. Se é verdade o que diz o Tribunal da Relação, parece que o interesse público foi substituído pela “paixão”.

8 comentários :

Anónimo disse...

uma tv com contas congeladas?
será verdade que um canal de televisão tem as contas congeladas por força de uma ordem judicial prevendo uma eventual condenação em tribunal e que essa verba está igualmente "congelada" em futuros orçamentos da estação?
será verdade que por força dessa decisão judicial a empresa mãe, a braços com uma terrível crise financeira, está pelos cabelos com o responsável do canal?
será verdade que depois de um período de grande exaltação a providencia cautelar provocou um retrocesso nas intenções do responsável do canal em ter um elevado número de "proponentes" num alegado processo que iria ser colocado em tribunal?
Publicada por josé carlos soares .˙. em 14:36

http://ocafedaesquina.blogspot.com/2009/05/uma-tv-com-contas-congeladas.html

Scarface

Carlos Esperança disse...

Não podemos confundir a imensa maioria de impolutos magistrados com os sindicalistas políticos que os desacreditam.

horacio disse...

Sempre tenho dito que a "guerra" declarada pelos magistrados - ou pelos seus sindicatos - contra o Governo reverteria a favor deste e contra os magistrados. Esta sondagem vem dar-me razão. Com efeito, o povo espera dos magistrados que sejam discretos e circunspectos, isto é, tudo o que eles não têm sido nestes 4 anos. Agora pagam a factura. É bem feito!

Anónimo disse...

A sondagem é essa e não sabem da missa a metade. O que não seriam os resultados se a soubessem...

Anónimo disse...

Não deixa de ser curioso que os procuradores tenham uma avaliação menos má do que os juízes. Não tenho dúvidas de que a melhorarão se o Conselho Superior do Ministério Público, seguindo a orientação do Correio da Manha, deteminar, na terça-feira, instaurar um processo disciplinar ao sitacionista Lopes da Mota por factos em que, sendo autor material, o ministro da Justiça será autor moral.

Fernando P disse...

Foi pena não terem posto o ministro da Justiça na mesma sondagem. Teria ainda pior avaliação.

ex fascista disse...

Em Portugal o sistema judicial no seu todo, mantem a mesma estrutura pessoal que herdou da fascismo, o corporativismo.

Anónimo disse...

Pois é... Até um juiz que presidiu a um tribunal (de Sintra, segundo creio) que julgou antifascistas chegou a presidente do Supremo Tribunal de Justiça depois do 25 de Abril