terça-feira, junho 02, 2009

No tempo da Cerâmica Campos (e de outros perdões fiscais)

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, José de Oliveira Costa, pessoa com uma enorme capacidade de trabalho, muito determinado e exigente, mas também um pouco teimoso, foi o membro do Governo a quem coube o comando dos trabalhos preparatórios da reforma fiscal. Várias vezes o chamei ao meu gabinete para discutir os documentos preparados pela Comissão da Reforma Fiscal, presidida por Paulo Pitta e Cunha, professor da Faculdade de Direito de Lisboa, que tinha sido criada em Julho de 1984, antes da minha nomeação para primeiro-ministro. (…) Os membros da Comissão nunca devem ter apreciado a pressão que fazia sobre eles o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Eu apercebi-me a certo momento de que havia um pequeno choque entre o espírito académico do presidente da Comissão e a visão prática e a pressa de fazer do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. (…) É de toda a justiça reconhecer que sem o empenho inteligente e algo teimoso de Oliveira Costa – como chegou a afirmar o Professor Pitta e Cunha – não teria ido possível cumprir as metas estabelecidas.
    Oliveira e Costa elogiado na Autobiografia Política II de Cavaco Silva [pp. 47-50]

6 comentários :

Anónimo disse...

As coisas que o Camara Corporativa descobre. Muito bom. O Câmara Corporativa está a fazer um autêntico Serviço Público ao informar com objectividade e a reavivar a nossa memória.

José Teles disse...

Poi$, poi$, J Pimenta: amor com amor se paga e virtudes públicas com acções privadas.

Anónimo disse...

Houve já várias alusões a eventuais perdões fiscais feitos pelo sr. Oliveira e Costa quando ocupou funções nas Finanças.

Não será possivel obter-se a lista das empresas beneficiadas e respectivos valores?

Há quem diga que a caixa eleitoral do PSD saiu fortemente beneficiada, graças a estes "brindes".

Será verdade?

Anónimo disse...

Camilo Lourenço
BPN: memória curta
camilolourenco@gmail.com





Março de 2001. A revista "Exame", que na altura dirigia, dizia na capa que o Banco de Portugal tinha passado um cartão amarelo ao Banco Português de Negócios. Dias depois recebi um telefonema de Pinto Balsemão. Assunto: o ex-ministro Dias Loureiro tinha-lhe telefonado por causa do artigo e, na sequência dessa conversa, queria falar comigo. Acedi prontamente.
A conversa com o ex-ministro foi breve... mas elucidativa: Dias Loureiro estava desagradado com o tratamento dado ao BPN; o assunto tinha criado um problema com a imagem do banco; não havia qualquer problema com o Banco Português de Negócios; Oliveira e Costa, ex-Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, e à época Presidente do Conselho de Administração daquele Banco (hoje em prisão preventiva) referiu que estava muito "incomodado" com a matéria da capa(para a qual tinha contribuído, com uma entrevista) e pensava processar a revista (como efectivamente aconteceu).

Depois da conversa comuniquei a Pinto Balsemão que não tinha ficado esclarecido com as explicações de Dias Loureiro e que, por mim, a "Exame" mantinha o que tinha escrito. O que aconteceu depois é conhecido...

Ao ouvir Dias Loureiro na RTP fiquei espantado. Porque o ex-ministro disse que ficara tão preocupado com o artigo que foi, de "motu propriu", ao Banco Central comunicar que a instituição devia estar atenta. Das duas uma: ou Dias Loureiro soube de algo desagradável entre a conversa comigo e a ida ao Banco de Portugal; ou fez "fanfarronice" nessa conversa para esconder os problemas do BPN. Há uma terceira hipótese... Feia. Mas depois do que vi no assunto BPN já nada me espanta!









No meu dicionário da língua, portuguesa, 5ª edição da "Porto Editora", consta:
Político, adj. Que pertence ou diz respeito à política ou aos negócios públicos; fig. delicado; cortês; astuto; finório; s.m. indivíduo que trata de política; estadista.

Em consequência do que se passa neste país, proponho à "Porto Editora" que acrescente mais: adj. Hominho aldrabão, trafulha, safado, mentiroso, vigarista, desonesto, salafrário, sem verticalidade.


e não e squec er:
este jornalista foi despedido da "Exame" pelo "democrata" Balsemão, enquanto que o dr Loureiro
continuou a "aconselhar" o Presidente da Répública nas suas funções de Estado !?!

don mafioso disse...

Kavako é o capo de toda essa roubalheira. Sabe tudo, é necessario pressionar e a verdade vem ao de cima.

Joe Rod disse...

Por sorte do interessado, a Bolsa não lhe permitiu comprar gato por lebre, como aconteceu a muita gente na altura do famoso "aviso" que fez nos seus tempos de 1º ministro, informação que provocou a queda das cotações para níveis irrisórios em comparação com as do dia antes do "aviso" do dr. Cavaco.

Olha se isto tem acontecido ao gato SLN que se viria a transformar, por artes de Oliveira e Costa, na suculenta lebre SLN da família Cavaco...

Claro que esta lebre não precisou de cotação em Bolsa mas isso é a sorte de fazer bons amigos ao longo da vida (política)...