quinta-feira, setembro 17, 2009

Leituras

• António Gomes Mota, Reputação nacional:
    Na campanha eleitoral em curso pouco se tem falado de energia. Será porventura um bom sinal, evidenciando que o PSD, única verdadeira alternativa de governo ao PS, subscreve no essencial a política definida e implementada neste últimos quatro anos.

    Essa política, como se sabe, assentou numa decisiva aposta nas energias renováveis, procurando minimizar os efeitos ambientais e de dependência externa do quadro anterior. Acresce ainda, sem ser de somenos, que a empresa de referência do sector, a EDP, acentuou também a sua dimensão de internacionalização muito através das energias renováveis, de que o caso mais emblemático terá sido a aquisição da Horizon (EUA), tornando-se um ‘player' mundial neste subsector energético.

    (…)

    Se em cada legislatura se conseguir identificar e potenciar um subsector em que possamos estar na primeira linha a nível global poderemos ter a esperança de que a próxima geração terá um futuro bem mais promissor.
• Filipe Luís, España me mata:
    Depois do debate com Sócrates, MFL caiu em si, ao perceber a reacção estupefacta de Madrid face ao anti-iberismo de ocasião (eleitoral). Percebeu que deu um tiro numa parte do seu bem mais precioso: credibilidade. E acabou por dizer que, uma vez no Governo, "negociará com os espanhóis".

    Ora, se negoceia, é porque admite cedências! Fará a alta velocidade, noutros moldes? E está a escondê-lo? Eis o que um eventual Governo de MFL decidirá: num futuro próximo, quando lhe convier, recupera o discurso que usa agora, por exemplo, para justificar a proposta de extinção do Pagamento Especial por Conta que, estando no Governo, tinha inventado: "As condições mudaram, agora já é possível, vamos fazer o TGV."

    É que esta justificação da "mudança de condições" dá para tudo. Até para faltar à palavra dada.
• João Cardoso Rosas, "Os espanhóis" e outras histórias florentinas:
    Se pensarmos nestas duas histórias de campanha como reveladoras de um modo de actuar podemos compreender melhor o que se passou para trás. Pense-se na "asfixia democrática" do continente e em como ela deixou de existir na Madeira, só porque aí é praticada pelo PSD. Pense-se nos apelos à ética, subitamente suspensos quando se tratou de favorecer um amigo político, o famoso "homem da mala". Pense-se no modo como a líder do PSD tratou a sua oposição interna: à boa moda florentina, eliminando todos aqueles que lhe pudessem fazer sombra, sem qualquer remorso nem respeito.

    Parece estranho mas, diante de Ferreira Leite, Sócrates, o político profissional, começa a surgir como um homem excessivamente bem-intencionado, ou até um pouco ingénuo. Anda por aí a apresentar, com insistência, a obra feita e o programa para a próxima legislatura. Ferreira Leite, por seu turno, parece estar a levar demasiado à letra os ensinamentos de Maquiavel.

    Mas o modo de actuar da líder do PSD está perfeitamente em linha - digo-o sem qualquer ironia - com a campanha da "verdade" e da "seriedade". A reivindicação da verdade em política serve sempre para esconder as inverdades de quem a invoca. A construção publicitária de uma imagem de seriedade serve sempre para disfarçar a falta de seriedade. Estas palavras - "verdade" e "seriedade" - têm como único objectivo fazer existir virtualmente aquilo que não existe realmente e, a contrario, lançar sobre os adversários a suspeita e a calúnia.

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