quarta-feira, outubro 07, 2009

No mundo dos Limas & Liberatos

O artigo de Ricardo Costa seria, em condições normais, demolidor para qualquer inquilino de Belém. Mas, tendo em conta a catástrofe em que se transformou a presidência de Cavaco, o artigo acaba por ser uma bóia que o ajuda a manter-se à tona da água.

Com efeito, Ricardo Costa diz por outras palavras o seguinte:
    • Cavaco, apesar de uma longa carreira de 30 anos, revelou-se um político inepto;
    • A falta de mundo do Presidente fá-lo rodear-se de figuras sem lastro;
    • Dadas as suas reconhecidas limitações, Cavaco anda a reboque destas figuras sem lastro (entre as quais pontua Fernando Lima, de resto há mais de duas décadas o seu mentor político).
Nas actuais circunstâncias, este retrato é, apesar de tudo, simpático para o Presidente, porque apaga o passado e desvia a atenção do presente.

Pode não valer a pena recordar que Cavaco, que agora defende a ética, a transparência e a verdade, foi o primeiro-ministro que:
    • Nunca se preocupou com o défice orçamental em vésperas de eleições (desde os tempos em que foi uma segunda escolha de Sá Carneiro para a pasta das Finanças);
    • Convivia mal com o jogo democrático (as forças de bloqueio, dizia ele);
    • Não hesitou em se desembaraçar dos seus “amigos”, quando estes se tornaram num estorvo à sua carreira (de Fernando Nogueira a Manuela Ferreira Leite, sem esquecer os outros cadáveres que o cavaquismo deixou pelo caminho na longa marcha);
    .• Jamais deu um sinal de reprovação perante os escândalos que surgiram no seu consulado e se foram mantendo ao longo dos anos.
Mas quando Ricardo Costa vem dizer que Cavaco ainda terá muito a aprender com os políticos quanto a “tiques e truques”, que precisa o Presidente da República de fazer para ser considerado membro honorário da “classe política” (seja lá isso o que for)? Mandar elaborar dossiês completos da classe jornalística? Enviar a Casa Civil em peso às redacções dos jornais para multiplicar as inventonas de Belém?

Afinal, a remodelação da Casa Civil sugerida por Ricardo Costa não parece resultar das tramóias levadas a cabo, mas da circunstância de não terem sido feitas com a sofisticação necessária para não serem descobertas.

5 comentários :

Anónimo disse...

O Ricardo é bom rapaz. No afã de que querer ser isento, vai dizendo uns disparates. Mas tb diz umas coisas bem acertadas.

Pedro L disse...

Bom ao jeito popular, ou aliás em linguagem popular em diria, que Cavaco nem tem jeito para fazer inventonas, como deve de ser !
Mas deixem-me que vos diga o seguinte:
Claro que Cavaco quis fazer uma coisa que há muito desejava, ser Presidente da República e Primeiro-Ministro (sombra) ao mesmo tempo.
Para deitar a baixo o PM, só havia uma hipótese uma «Inventona». E eis o que se fez, só que para mal dos seus pecados, saíu-lhe «o tiro pela colatra» e assim Cavaco voltou a ser o Cavaco do tempo de Primeiro-Ministro, que constantemente se vitimizava com as FORÇAS DE BLOQUEIO. Ou Seja partidos eleitos democraticamente que o criticavam.
E depois a famosa frase: «Deixem-nos trabalhar».
Trabalhar mal, gastar dinheiro dos fundos comunitários em auto-estradas mal feitas, com curvas onde morreram centenas de automobilistas. E a famosa A8 em cimento. Ainda hoje me lembro das manifestações, e de uma em particular, onde Cavaco se viu aflito e teve de o guarda-costas tirar da pistola e dar um tiro para o ar !
E quando Cavaco passava com o seu automóvel, fortemente protegido, as ruas eram simplesmente fechadas ao transito, para o Sr. Primeiro-Ministro, passar.
É de facto uma diferença impressionante comparar este Primeiro-Ministro com o de então.
Mas mais. Se não julgava competência na sua informática, porque foi buscar Seruya à Rede Informática do Governo, para tomar conta da sua informática. Então agora já também não é da confiança pessoal. As pessoas para Cavaco são como a chiclette a sim que perdem o sabor, deitam-se fora.
Sr. Presidente «shame on you».

Anónimo disse...

Cavaco é um bluff. O silêncio e a pose de Estado escondem o vazio de ideias.

Ribas disse...

O PR anda metido na intriga desde os tempos da Nova Esperança companhado pela pior escumalha do PPD/PSD.

Anónimo disse...

Ora que coincidência. Será que o autor do texto está a fazer o retrato do Primeiro Ministro?
O PM Sócrates não se preocupou com o défice orçamental antes das eleições, convive mal com o jogo democratico ( isto é evidente), não hesitou em se desembaraçar dos amigos que se tormaram um estorvo à sua carreira ( O ministro ´da Economia e da educação foram despedidos em directo) e jamais deu um sinal de reprovação perante os escândalos ( logo os transformou numa Cabala).
Bem prega Frei Tomás...