quinta-feira, dezembro 17, 2009

Esta semana Barreto com batatas a murro no sítio do costume Jornal de Negócios

A entrevista de António Barreto, presidente da Fundação Pingo Doce, começa com uma monstruosidade, quando mitiga o papel central da justiça no Estado Novo. E não é mais feliz quando compara a situação nos anos 50 ou 60 com a realidade actual, em que a natureza e a dimensão da conflitualidade não são comparáveis.

Em todo o caso, Barreto toca num ponto nevrálgico da justiça, aquilo a que ele chama “uma grande armadilha”:
    (…) também houve uma grande armadilha, que foi a convicção de que independência quer dizer autogestão. O poder político português (legislativo e executivo) entregou a gestão do sistema judicial aos juízes e procuradores. Portanto eles vivem em autogestão.

    As regras formais de funcionamento dos conselhos superiores da magistratura (dos dois conselhos superiores [Conselho Superior da Magistratura e Conselho Superior do Ministério Público]), mas sobretudo as regras práticas e a tradição e a rede de interesses criada nestes conselhos superiores e nas promoções e na distribuição de trabalho e na distribuição de processos e nas conivências (…) fizeram com que eles se governem a eles próprios. O sistema judicial português praticamente não depende do soberano democrático, legítimo, que é o povo, a população. O sistema de poder em Portugal termina nos juízes. E não deveria terminar.
Não é preciso deitar fora o bebé com a água do banho.

2 comentários :

Duarte Nuno disse...

Caro amigo
O meu artigo de opinião, sobre a mitigada Legitimidade do sistema Judicial Português, ajuda a clarifiar o Post e pode ser lido nesta página.
< http://duartenuno.wordpress.com/2008/03/12/a-mitigada-legitimidade-democratica-do-sistema-judicial-portugues/ >

Anónimo disse...

A autogestão dos juizes, associados a uma magistratura com cada vez mais poderes - completamente descontrolados - é a maior anomalia do Estado de Direito.