Com quem Cavaco se identifica na blogosfera? [1]

Do outro site do candidato Cavaco

A imagem acima reproduzida diz-nos quais são os blogues que merecem a atenção de Cavaco Silva. Segui, por exemplo, a ligação para o 4.ª República e deparei com um post rasteiro de Tavares Moreira, ex-governador do Banco de Portugal e depois presidente de uma instituição bancária ligada às caixas de Crédito Agrícola — ele que parece fazer sempre questão de nos recordar que os problemas do cavaquismo com a banca não são uma questão recente, a fazer fé no que escreveu Saldanha Sanches.

Começa Tavares Moreira por escrever: “Confesso que me impressionou muito mal a notícia ontem divulgada aventando a possibilidade de Timor-Leste vir a adquirir dívida pública portuguesa...” E depois acrescenta: “E não foi estimulante ver o grande estadista Ramos-Horta dissertando pomposamente sobre o tema, em estilo de titular de qualquer reino das Arábias, admitindo dar uma ajuda a Portugal mediante a aplicação em dívida pública portuguesa de uma parte das reservas do Fundo que vai gerir as receitas do petróleo do país...” E, porque o leitor pode ainda não ter percebido o estado em que ficou, Tavares Moreira volta à carga: “Cabe notar que Timor aparece na lista de credores potenciais a seguir à China, a países árabes, a Macau, num cerimonial de mão estendida a que parece estarmos agora votados com grande pompa, depois de termos gasto tudo o que tínhamos para gastar e de nos termos endividado até mais não poder...”

O raciocínio de Tavares Moreira pode ser racista e colonialista, mas não é difícil de acompanhar. Se não tiverem o selo dos Madoff, os credores são “bichos-caretas”: “estamos a criar um sólido e distintíssimo estatuto de Pedinte Internacional, estendendo a mão a qualquer “bicho-careta” que nos apareça pela frente admitindo que está disposto a comprar dívida pública portuguesa...”

Eis um blogger com que Cavaco se identifica. Um blogger que nem se coíbe de dizer em que áreas Ramos Horta deve investir o dinheiro que Timor recebe da exploração do petróleo — como se o fundo timorense fosse uma daquelas caixas de crédito agrícola de que falava Saldanha Sanches.