quarta-feira, dezembro 22, 2010

A indústria da pobreza [13]

Este gráfico, também retirado do site da Fundação Res Publica, mostra a evolução das desigualdades no rendimento: olhando para 1995, fica-se a conhecer o estado em que Cavaco entregou o poder a Guterres; o retrocesso ocorrido nos primeiros anos deste século evidencia a forma como o PSD e o CDS-PP, quando governaram o país, encararam a questão das desigualdades. Veja-se:

4 comentários :

sr. indivíduo disse...

MEIA-DÚZIA DE RAZÕES PARA NÃO VOTAR NO PROF CAVACO SILVA
1. O FALSO DISTANCIAMENTO DA POLÍTICA: Cavaco Silva, o político que, no relativamente recente período democrático português, já foi Ministro das Finanças, Primeiro-Ministro (10 anos) e Presidente da República (5 anos), insiste num discurso em que se distancia da política, acima dos partidos, e essencialmente como um técnico altamente qualificado na área da Economia. É um discurso demagógico e populista que capitaliza votos junto de um grupo populacional que vê na política e nos políticos algo de “sujo” ou “impuro”. E é um discurso falacioso e desonesto na medida em que Cavaco Silva é um dos mais eloquentes exemplos do “político profissional”. Portugal precisa de um Presidente que ame a Política e que a encare como uma das mais nobres actividades humanas, como um verdadeiro Serviço Público, e não de um político cínico que vive da política e ao mesmo tempo a despreza.
2. O CALCULISMO/OPORTUNISMO: Em 1985, altura em que se encontrava em funções um Governo de Bloco Central democraticamente eleito em 1983, Governo esse que já tinha no seu currículo o mérito do equilíbrio das contas públicas e da garantia de entrada na então CEE, Cavaco Silva encontrou terreno fértil para avançar, ser eleito no Congresso do PSD, e desfazer essa produtiva aliança, pondo assim em marcha o seu projecto pessoal de poder. Nunca antes, quando a situação do país não convinha, Cavaco Silva pensou em avançar. Mas o oportunismo deu frutos e o Sr. Professor recebeu um país com as contas públicas em ordem e com a perspectiva, que se veio a concretizar, de milhões de contos de financiamento comunitário a entrar diariamente nos cofres do Estado Português. Especialista em Economia mas mau gestor, pois só governou em tempo de “vacas gordas”, e mal, promovendo o novo-riquismo e a cultura do dinheiro fácil. Cavaco Silva não corre riscos e isso ficou bem patente em 1995 quando, sabendo-se derrotado, atirou Fernando Nogueira para o suicídio político. Portugal precisa de um Presidente solidário e humanista, e não de um indivíduo que só avança quando o terreno é fértil e seguro.
3. O AUTORITARISMO E A ARROGÂNCIA: foi durante os mandatos de Cavaco Silva como Primeiro-Ministro (1985-95), que assistimos a cargas policiais nunca antes vistas no Portugal Democrático (“secos contra molhados”, ou seja, agentes da PSP a carregarem sobre camaradas seus; cargas policiais sobre estudantes e os tristemente célebres protestos na Ponte 25 de Abril). Este é o homem que “nunca tem dúvidas e raramente se engana”, o homem que entende as instituições democráticas como “forças de bloqueio” e que apelidava os seus Secretários de Estado como “meros ajudantes”. Portugal precisa de um Presidente pacifista e conciliador, humilde e verdadeiramente democrata, não de um homem crispado e arrogante e autoritário.

sr. indivíduo disse...

(cont.)

4. O SEBASTIANISMO/PROVIDENCIALISMO: Cavaco sabe, como nenhum outro político no activo, aproveitar o fatalismo e o sebastianismo tão característicos da nossa sociedade. Ele é o homem providencial que, sem querer e meramente por acaso, decide fazer, num dia de Primavera em 1985, a rodagem ao seu carro novo dando um passeio até à Figueira da Foz. Como o destino marca a hora, o Sr. Professor calha a ser eleito presidente do PSD e, como quem não quer a coisa, cai-lhe o poder nos braços e a o sacrifício de por as coisas na ordem. Ele não queria – ele nem gosta do poder… -, mas a Providencia tratou de o escolher como Salvador da Pátria. Cavaco Silva é, assim, um produto da mitologia lusitana que tão em voga esteve – com os resultados por demais conhecidos – durante o Estado Novo. Aquando da recandidatura, o Prof. Cavaco reincide: que seria do País sem ele? Portugal não precisa de um salvador nem de um homem providencial. Portugal precisa de um mediador, de um homem comum com amor à Causa Pública e que não se sinta ungido por um qualquer destino messiânico.
5. O PASSADO OBSCURO: O Regime Democrático em Portugal nada deve a Cavaco Silva, pelo contrário. Não se conhece incómodo causado pela Ditadura ao Sr. Professor nem tão pouco transtorno ou dor de cabeça que este tenha causado ao então regime vigente. Ao preencher a ficha da PIDE, o então jovem Cavaco declarou o que, à altura, todos declaravam: que estava “integrado” (com ou sem convicção, fica mesmo assim a dúvida…). O que causa perplexidade é o voluntarismo, a atitude de fornecer o que não era pedido, a génese do homem que mais tarde havíamos de conhecer: “não exerce cargo político”. Mais: a delação de familiares eventualmente “desintegrados” define o carácter de um homem, e Cavaco é tão previsível que se auto-define numa linha manuscrita. As más companhias, velhos amigos (“diz-me com quem andas…”) também definem um carácter. BPN (dividendos nunca explicados), Oliveira e Costa, Dias Loureiro… O comportamento da elite que cresceu à custa do cavaquismo é por demais esclarecedor. Portugal precisa de um Presidente com um passado cívico conhecido, não de um indivíduo cujo percurso tem demasiadas “zonas cinzentas”.
6. FALTA DE SENTIDO DE ESTADO: É penoso ver o comportamento do Prof. Cavaco no estrangeiro (o picante na Índia, as compras na Capadócia…). É penoso, muito penoso, ver o Sr. Presidente a aproveitar a pobreza dos seus concidadãos como argumento eleitoral, num Casino… É estranho ter um Presidente que foge ao debate de ideias (condição essencial da vida democrática), que não se compromete, que não assume posições claras e inequívocas, que fala cripticamente. É preocupante, muito preocupante, ter no Palácio de Belém um inquilino propenso a golpes palacianos (a paranóia das “escutas” de Belém, nunca cabalmente explicadas), tendentes a derrubar um Governo eleito democraticamente. Portugal precisa de um Presidente com Sentido de Estado, com verdadeira Ética Republicana, e não de um… Professor Cavaco Silva.

Anónimo disse...

Mas foram os 20% mais pobres que ficaram mais ricos ou os 20% mais ricos que ficaram mais pobres????

Anónimo disse...

Miguel,

Mas quais foram os 20% é que se moveram? Não nos arranja um gráfico com os valores absolutos de Portugal, isolados?