quarta-feira, dezembro 22, 2010

Portugal tiene "una prensa muy suave" (para alguns)

Daniel Oliveira e Vítor Dias mostram como Cavaco tinha razão quando afirmou que Portugal tiene "una prensa muy suave".

4 comentários :

Anónimo disse...

DE facto só com uma imprensa controlada é possível passar quase incólume pela maior vigarice do século, perpetrada no BPN por vários membros do ex-governo e dirigentes nacionais do PSD, conselheiros de estado e amigos pessoais, e até fazer negócios de compra de acções não cotadas e ganhar 400.000 euros sem dar explicações ao país.
E ainda responder com a maior desfaçatez que não tem nada a ver com o BPN que lhe financiou a primeira campanha.
Técnica de dois pesos e duas medidas da auto apelidada de imprensa livre. De quem????

sr. indivíduo disse...

1.ª parte:

MEIA-DÚZIA DE RAZÕES PARA NÃO VOTAR NO PROF. CAVACO SILVA
1. O FALSO DISTANCIAMENTO DA POLÍTICA: Cavaco Silva, o político que, no relativamente recente período democrático português, já foi Ministro das Finanças, Primeiro-Ministro (10 anos) e Presidente da República (5 anos), insiste num discurso em que se distancia da política, acima dos partidos, e essencialmente como um técnico altamente qualificado na área da Economia. É um discurso demagógico e populista que capitaliza votos junto de um grupo populacional que vê na política e nos políticos algo de “sujo” ou “impuro”. E é um discurso falacioso e desonesto na medida em que Cavaco Silva é um dos mais eloquentes exemplos do “político profissional”. Portugal precisa de um Presidente que ame a Política e que a encare como uma das mais nobres actividades humanas, como um verdadeiro Serviço Público, e não de um político cínico que vive da política e ao mesmo tempo a despreza.
2. O CALCULISMO/OPORTUNISMO: Em 1985, altura em que se encontrava em funções um Governo do Bloco Central democraticamente eleito em 1983, Governo esse que já tinha no seu currículo o mérito do equilíbrio das contas públicas e da garantia de entrada na então CEE, Cavaco Silva encontrou terreno fértil para avançar, ser eleito no Congresso do PSD, e desfazer essa produtiva aliança, pondo assim em marcha o seu projecto pessoal de poder. Nunca antes, quando a situação do país não convinha, Cavaco Silva pensou em avançar. Mas o oportunismo deu frutos e o Sr. Professor recebeu um país com as contas públicas em ordem e com a perspectiva, que se veio a concretizar, de milhões de contos de financiamento comunitário a entrar diariamente nos cofres do Estado Português. Especialista em Economia mas mau gestor, pois só governou em tempo de “vacas gordas”, e mal, promovendo o novo-riquismo e a cultura do dinheiro fácil. Cavaco Silva não corre riscos e isso ficou bem patente em 1995 quando, sabendo-se derrotado, atirou Fernando Nogueira para o suicídio político. Portugal precisa de um Presidente solidário, humanista e corajoso, e não de um indivíduo que só avança quando o terreno é fértil e seguro e não tem pejo em sacrificar quem quer que seja para se proteger ou avançar no seu projecto pessoal de poder.
3. O AUTORITARISMO E A ARROGÂNCIA: foi durante os mandatos de Cavaco Silva como Primeiro-Ministro (1985-95), que assistimos a cargas policiais nunca antes vistas no Portugal Democrático (“secos contra molhados”, ou seja, agentes da PSP a carregarem sobre camaradas seus; cargas policiais sobre estudantes; e os tristemente célebres protestos na Ponte 25 de Abril, em 1994). Este é o homem que “nunca tem dúvidas e raramente se engana”, o homem que entende as instituições democráticas como “forças de bloqueio” e que apelidava os seus Secretários de Estado como “meros ajudantes”. Foi Cavaco quem disse, na campanha para o primeiro mandato presidencial, que “duas pessoas com a mesma informação chegam, obrigatoriamente, às mesmas conclusões”, como se a discórdia fosse pecado, como se todas as discussões ou trocas de ideias fossem operações fúteis, como se o consenso fosse obrigatório num regime Democrático. Portugal precisa de um Presidente pacifista e conciliador, humilde e verdadeiramente democrata, não de um homem crispado, arrogante e autoritário.

sr. indivíduo disse...

2.ª parte:

4. O SEBASTIANISMO/PROVIDENCIALISMO: Cavaco sabe, como nenhum outro político no activo, aproveitar o fatalismo e o sebastianismo tão característicos da nossa identidade histórica. Ele é o homem providencial que, sem querer e meramente por acaso, decide fazer, num dia de Primavera em 1985, a rodagem ao seu carro novo dando um passeio até à Figueira da Foz. Como o destino marca a hora, o Sr. Professor calha a ser eleito presidente do PSD e, como quem não quer a coisa, cai-lhe o poder nos braços e a o sacrifício de por as coisas na ordem. Ele não queria – ele nem gosta do poder nem tem o culto da personalidade… -, mas a Providencia tratou de o escolher como Salvador da Pátria, o veículo do sacrifício. Cavaco Silva é, assim, um produto da mitologia lusitana que tão em voga esteve – com os resultados por demais conhecidos – durante o Estado Novo. Aquando da recandidatura, o Prof. Cavaco reincidiu: que seria do País sem ele? Não saberá o Prof. Cavaco que o Presidente não governa? Ou saberá, mas não consegue desembaraçar-se de velhos hábitos? Portugal não precisa de um salvador nem de um homem providencial. Portugal precisa de um mediador, de um homem comum com amor à Causa Pública e que não se sinta ungido por um qualquer destino messiânico.
5. O PASSADO OBSCURO: O Regime Democrático em Portugal nada deve a Cavaco Silva, antes pelo contrário. Não se conhece incómodo causado pela Ditadura ao Sr. Professor, nem tão pouco transtorno ou dor de cabeça que este cidadão tenha causado ao então regime vigente. Ao preencher a ficha da PIDE, o então jovem Aníbal declarou o que, à altura, todos declaravam: que estava “integrado” (com ou sem convicção, fica mesmo assim a dúvida…). O que causa perplexidade é o voluntarismo, a atitude de fornecer àquela gente dados que não eram exigidos, pois aqui está a génese do homem que mais tarde havíamos de conhecer: “não exerce actividade política”. Mais: a delação de familiares eventualmente “desintegrados” define o carácter de um homem. Cavaco é tão previsível que se auto-define numa linha manuscrita: “o sogro é casado em segundas núpcias com Maria Mendes Vieira, com quem reside e com quem o declarante não priva” (uma frase poderosa…); e é tão “pragmático” que se “integra” em qualquer regime. As más companhias, velhos amigos (“diz-me com quem andas…”), não o torna igual àqueles, mas muito ainda está por explicar. BPN (dividendos de 140% em acções, nunca cabalmente esclarecidos), Oliveira e Costa, Dias Loureiro… O comportamento da elite que cresceu à custa do cavaquismo é por demais esclarecedor. Portugal precisa de um Presidente com um passado cívico conhecido, não de um indivíduo cujo percurso tem demasiadas “zonas cinzentas”.
6. FALTA DE SENTIDO DE ESTADO: É penoso (acontece por vezes sentir vergonha por figuras tristes de outras pessoas) ver o comportamento patético e desengonçado do Prof. Cavaco no estrangeiro (o picante da comida na Índia, as compras na Capadócia…). É penoso, muito penoso, ver o Sr. Presidente a aproveitar a pobreza dos seus concidadãos como argumento eleitoral, numa acção indigente e miserável, ainda por cima num Casino… É estranho ter um Presidente que foge ao debate de ideias, que tem medo do confronto político (condição essencial da vida democrática), que não se compromete, que não assume posições claras e inequívocas, que fala cripticamente. É preocupante, muito preocupante, ter no Palácio de Belém um inquilino propenso a golpes palacianos (a paranóia das “escutas” de Belém que afinal não o eram, nunca de todo explicadas), tendentes a derrubar um Governo eleito democraticamente. Portugal precisa de um Presidente cosmopolita, com Sentido de Estado, com verdadeira Ética Republicana, e não de um… Professor Cavaco Silva, um homem que, em suma, não tem perfil para ser Presidente da República.

sr. indivíduo disse...

3.ª parte:

Num regime democrático não há vencedores antecipados nem há “coroações na República”, como muito bem lembrou Manuel Alegre. A vitória confirma-se apenas depois da contagem dos votos.
Estas seis razões não serão as únicas, haverá mais, pois o Prof. Cavaco é um filão inesgotável.
O Prof. Cavaco Silva tem, na sua Comissão Política, inimigos declarados do Estado Social. Inimigos da Escola Pública e do Serviço Nacional de Saúde, evoluções sociais que deviam ser motivo de orgulho para todos os Portugueses.
No dia 23 de Janeiro de 2011 vamos decidir (nós, não as sondagens) se queremos este inquilino em Belém por mais cinco anos.