O Presidente que protestou contra os sacrifícios que foram exigidos vem agora defender o recurso ao FMI

• Ana Sá Lopes, A "salvação nacional" não depende de Cavaco:

‘Um Presidente que dias antes tinha protestado contra os sacrifícios que estão a ser exigidos aos portugueses podia lançar-se numa batalha pelo consenso em torno do PEC IV? Seria mauzinho. O que já é de todo incompreensível é que o Presidente que protestou contra os sacrifícios que foram exigidos venha agora defender - por meias-palavras - o recurso ao Fundo Europeu/FMI.

Se o PEC IV é uma espécie de receita FMI para evitar o propriamente dito FMI, não tenhamos ilusões: não se pode estar contra a austeridade do PEC IV e defender o recurso ao FMI. Até agora, o FMI nunca emprestou nada sem compromissos violentos de cortes na despesa pública que vão parar, sempre, à maior fatia de gastos do Estado, que é aquela onde é mais fácil cortar: salários, reformas e prestações sociais.

Se Cavaco quer evitar mais sacrifícios aos portugueses deve ir bater a outra porta - a do FMI é por de mais conhecida pelas dietas draconianas, praticadas com notável insucesso na Grécia e na Irlanda. (…)’