segunda-feira, novembro 28, 2011

Viagens na Minha Terra

2 comentários :

josé neves disse...

caro João Lopes,
A repetição continuada, sistemática, insistente e permanente de uma "figura" subjectiva, idealizada e imaterial, como a impessoal ideia de "mercados", serve precisamente para formatar na mente das pessoas uma ideia de inevitabilidade:uma necessidade inevitável,isto é uma ideia de deus omnipotente e implacável sem escapatória possível.
Serve para a formatação do indivíduo ao conformismo, à obediência, ao grande medo.

Eleitor disse...

José Neves, a noção impessoal de mercado, subjacente á própria noção de actividade comercial e financeira, é perfeitamente adequada -- indispensável mesmo -- para se perceber a sua natureza estatística, económica e psicológica.

«O mercado», no presente contexto, quer dizer apenas o conjunto dos potenciais compradores de obrigações emitidas por um determinado estado, e nada mais do que isso.

Outra questão, bem distinta, será a das formas de se influenciar o mercado, e aí é que se deverá entrar em linha de conta com o horror das nações, culturas e/ou alianças (outras abstracções «impessoais» indispensáveis) ao vácuo de poder. Uma curta investigação, mesmo superficial, das possibilidades abertas nesse domínio pelo progresso tecnológico da informática, comunicações electrónicas e astronaútica do pós-guerra à aquisição anglo-saxónica (USA, UK, CAN, AUS e NZ) de poder, por intermédio do projecto clandestino conhecido como "Echelon", ilustra adequadamente o que quero dizer. Por outras palavras: onde existe extensão potencial de poder, existe o desejo de o adquirir e controlar.

Quer saber o que são os mercados, essas entidades fantasmáticas que tanta gente intrigam? Bom, tudo o que tem a fazer é ler Smith, Mises, Hayek ou -- melhor ainda, do ponto da vista da concisão prática -- Murray Rothbard ou Douglas Casey.

Só depois disso, se quiser então saber o que pode influenciar o comportamento dos mercados finalmente compreendidos, é que se poderá abalançar a tentar compreender uma coisa geralmente bem mais difícil e complexa, a saber, o que pode quem já dispõe de considerável poder fazer, de forma prática e nada metafísica, para influenciar um determinado mercado no sentido que lhe interessa.

Para o caso vertente -- o da dívida das nações e seus nacionais no início do século XXI -- recomendo não só manuais de psicologia de massas como o sempre actual "Extraordinary Popular Delusions and the Madness of Crowds" de Mackay, mas ainda a história da National Security Agency americana (pelo paralelo do Echelon e do vácuo que preencheu), o estudo (certamente difícil!) dos aspectos menos claros do funcionamento das actuais agências de rating, e -- para não perder o contacto com as licenças do mundo real -- os livros do Ian Fleming que possa ter à mão.