- ‘Ainda assim, o problema essencial não é esse. O encaixe que hoje é feito com o fundo de pensões traduz-se num conjunto de responsabilidades futuras e sobre estas pouco se sabe. No passado, a propósito de exercícios do género, o Tribunal de Contas recomendou que “fossem realizados estudos actuariais independentes e isentos de conflitos de interesses, que calculem o valor das responsabilidades transferidas”. Existem estudos sobre esta transferência? Sabemos quais são as responsabilidades futuras contraídas? Ficamos a aguardar a explicação pausada de Vítor Gaspar sobre o que é uma mera antecipação de receitas extraordinárias. Até lá, o valor final do défice para este ano não passa, mais uma vez, de uma manigância a pagar no futuro.
E oportunidade é mesmo a expressão adequada. No preciso momento em que a Segurança Social pública contraía mais responsabilidades, o ministro da tutela regressava à velha proposta de limitar o valor das pensões. Estamos face a um eufemismo para se dizer uma outra coisa — queremos diminuir a base contributiva, logo colocar em causa a sustentabilidade financeira do sistema. É uma ideia que pode bem ser classificada como de criança: a menos que se explique como se financiam os custos de transição, não se vê como é que é possível evoluir de um sistema de repartição, em que os descontos de hoje pagam as pensões de hoje, para um que limita os descontos hoje para limitar o valor das pensões amanhã. O mais provável é que tudo não passe de uma oportunidade histórica para se desmantelar o Estado Social.
A crise veio mesmo a calhar.’
4 comentários :
Sim, a crise foi só o pretexto. O objectivo destes aldrabões sempre foi o desmantelamento do Estado Social.
estado social esse que os socialistas são tão defensores mas que endividam as gerações futuras hoje, para vos pagar amanhã!!!! Primeiro produz-se, ganha-se, poupa-se uma parte e gasta-se outra !!! É básico e honesto
é curioso que este senhor não faça nenhuma pergunta sobre os encargos que o governo dele (sim ... o exemplo do boy xuxa)assumiu com as scuts, fundos de pensões da PT e com as PPP's .....
já agora podia referir-se que esta transferência se deve totalmente à situação de bancarrota em que o país ficou depois das tentativas muito uteis eleitoralmente de manter o estado social
Nem o país está na bancarrota por culpa própria nem a culpa é do estado social. Infelizmente há quem insista em não sair da mediocridade e não consiga exergar um cú á frente do nariz. Para esses também a emigração há-de chegar mas que façam boa viagem que de tapadinhos não precisamos por cá.
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