- ‘A recente decisão de suprimir a publicidade comercial na RTP (50 milhões em 2010) demonstra mais uma vez que o custo dos serviços públicos de rádio e de televisão não constituía o fundamento da privatização. Afinal esta resulta de uma ou da conjugação de várias razões: preconceito ideológico contra o serviço público; profunda ignorância sobre as deliberações de diversas instâncias europeias, todas elas subscritas por Portugal, sobre o papel do serviço público na era digital; instrumentalização - recorde-se a mentira do "1 milhão de euros por dia"... - da RTP como exemplo emblemático de empresa com um custo alegadamente exorbitante e descontrolado; ou cumprimento de uma promessa feita pelo Governo a uma ou a mais empresas, que anseiam pela entrada no negócio da televisão.
Já muito se disse sobre as graves consequências da privatização de um canal da RTP na diversidade da oferta televisiva, na saúde financeira e na própria qualidade dos conteúdos das empresas de comunicação social, na sustentabilidade da indústria audiovisual portuguesa, de que a RTP tem sido um dos eixos fundamentais, e no direito dos portugueses a uma comunicação social plural e diversificada. Acrescente-se agora que, de acordo com vários indícios, além dos dois operadores privados de televisão, cujos proprietários, objectivos editoriais e comerciais e sucessos e insucessos passados são transparentes e bem conhecidos (Impresa e Prisa/Media Capital), o país se arrisca a ver, como terceiro operador privado ou como um dos seus parceiros proeminentes, uma empresa de que não se conhecem os verdadeiros proprietários, aparentemente escondidos num longínquo offshore, para quem o negócio televisivo será, bem mais do que uma fonte de lucros directos, sobretudo um instrumento de lobby e de influência empresarial e política... Ou seja, enquanto a Impresa e a Media Capital ambicionam ter lucros na sua actividade nos media, essa nova empresa pretenderá ter lucros noutras áreas de negócio através da sua presença nos media...’
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