Empobrecimento: “a desvalorização interna aconteceu naturalmente, talvez não haja necessidade de acelerar essa desvalorização”

'Também ai é caso para dizer hoje, nas circunstâncias específicas, que talvez não fosse tão necessária quanto isso [a baixa da TSU]. Porque tivemos durante o ano de 2011 uma desvalorização interna que ocorreu naturalmente. Isso esteve na origem do ganho da competitividade, que está muito visível na forma como antecipámos num ano os resultados que eram esperados para o endividamento externo. Isso deveu-se também a um comportamento das exportações bastante melhor do que aquele previsto pelo plano de assistência económica e financeira. Portanto, numa altura em que a procura externa contraiu mais do que aquilo que se suponha, há um ano, e que a desvalorização interna aconteceu naturalmente, talvez não haja necessidade de acelerar essa desvalorização.'

Passos Coelho em entrevista à RR

As sucessivas mentiras sobre os subsídios de férias e de Natal dos pensionistas e funcionários públicos levaram a menosprezar outras questões afloradas na entrevista de Passos Coelho à RR. Como a passagem acima reproduzida sobre a taxa social única (TSU), na qual ele confessa que o empobrecimento foi mais violento do que o Governo esperava conseguir.

Passos Coelho afirma mesmo que a “desvalorização interna” aconteceu “naturalmente” — ou seja, depois do aumento dos impostos e dos cortes nos salários, nas pensões e nas prestações sociais. E muito embora Passos Coelho e Vítor Gaspar venham afirmando que não haverá lugar a mais austeridade, o afilhado do terrível Ângelo ainda diz com ar descontraído, nesta entrevista à RR, que “talvez não haja necessidade de acelerar essa desvalorização”, ou seja, acelerar o empobrecimento.