• Pedro Lains, Gaffe e contra-gaffe:
- ‘Mas esse não é o problema principal da dita frase. O principal problema é que Passos Coelho corria o risco de ser tido como o interlocutor privilegiado de uma interpelação já ouvida em outros contextos, a saber: “Só preciso lá de ti dois ou quatro anos.” Ou seja, “só preciso que vás para o governo um par de anos para fazer os bons negócios que se podem fazer”. É que, se as reformas podem ser revertidas, os negócios ficam.
A pressa com que alguns negócios estão a ser feitos é reveladora. Ela é, em parte, justificada pelo Memorando da troika, mas essa explicação não chega, até porque são vendas com impactos mínimos nas contas problemáticas do Estado português.
E ainda há mais. Aquilo que está a ser feito em Portugal tem também a ver com um programa europeu de uma corrente política que quer manter o euro tal como está, um euro em que as crises cíclicas são resolvidas pela contracção das economias mais fracas. E esses sim, é que se estão completamente a “lixar” para eleições, sobretudo em países fracos como Portugal (embora devessem estar preocupados com eleições no centro da Europa). Isso não pode ser revelado sem moeda política de troca.
Depois de corrigir a gaffe, o primeiro-ministro podia passar à correcção política, mas isso ainda estará longe de acontecer. Ou não acontecerá. Em reino de contradição, a ordem das gaffes e contra-gaffes pode sempre ser arbitrária, para que se fique sem saber bem o que pensa quem fala. Afinal, tudo sob controlo, portanto.’
3 comentários :
E a pressa vai ser ainda maior, depois da sondagem que o Expresso vai publicar com os "estarolas" a rebolar por aí a baixo.
Artigo muito inteligente!
Este deve pensar que ainda estamos no tempo da socratice trapaceira.
Muito bem estavamos nós se ainda Infelizmente já estamos no tempo da trapaça Passista que se têm mostrado muito pior.Mais 3% de desemprego num ano?!Acho que nem o Pinochet faria melhor.
Enviar um comentário