O e-mail no Simplex dos estarolas

Parto sempre de dois pressupostos: as escutas ilegais ou irrelevantes devem ser destruídas e a violação do segredo de justiça deve ser investigado.

Posto isto, não posso de deixar de considerar curiosas as considerações do outrora luminoso Sol acerca da matéria: Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita são provavelmente as criaturas que menos legitimidade têm para falar destas matérias. Mas falam sempre. Se é Sócrates o escutado, dizem que as escutas têm de ser ouvidas pela população, qual telenovela, para toda a gente ficar inteirada das malandrices do ex-primeiro-ministro. Se o escutado é Passos Coelho, funcionam como testemunhas abonatórias, para garantir que nada do que foi escutado põe em causa a honorabilidade do alegado primeiro-ministro. Mesmo que isso não seja verdade, comportam-se como uma espécie de fontes oficiosas de alguns círculos da PJ e do Ministério Público que, a julgar pelos resultados, se viciaram na politização do processo penal (quem o assegura é o antigo procurador-geral da República) e na sua devassa mediática.

Não estou disposto agora a fazer coisa diferente do que fiz no passado e considero ignóbil a divulgação de escutas em segredo de justiça, assim como a manipulação de escutas irrelevantes ou ilegais.

Noves fora escutas, apenas interessa a questão política da privatização da EDP. Assim, to whom it may concern, aqui deixo uma pergunta:

Poderá o Governo continuar a assobiar para o lado, quando se diz que ocorreram graves ilegalidades nas privatizações da EDP e da REN, a ponto de ter sido emitida uma circular a exigir aos concorrentes que, a par da remessa das propostas em carta fechada, as enviassem por e-mail, o que terá permitido que, entre a primeira fase (de propostas não vinculativas) e a segunda fase (de propostas vinculativas), voassem, para parte incerta, centenas de milhões de euros?