• Miguel Sousa Tavares, POR FAVOR, VÃO DE FÉRIAS! [hoje no Expresso]:
- 1. Perdidos inutilmente dez dias, aí está de volta o Governo remodelado que já antes estava pronto para o ser. Um dia, nas suas memórias, Cavaco Silva explicará melhor o que pretendeu com aquilo a que começou por chamar "proposta" e acabou a chamar "solução"... falhada. Por ora, tirando alguns cavaquistas persistentes, ninguém mais entendeu para que serviu este hiato. O país, esse, definitivamente não entendeu. Assim como ninguém consegue entender agora a moção de confiança, duas semanas depois de uma moção de censura (…).
2. Dizem alguns que quem saiu a ganhar com tudo isto foi Passos Coelho. Se o objectivo era manter-se no poder, desse por onde desse, sim, saiu a ganhar, continua primeiro-ministro! Mas, entretanto, foi humilhado pelo seu ministro das Finanças (…); foi humilhado pelo parceiro de coligação (…); foi humilhado pelo Presidente da República, que o tratou como um garoto a quem é preciso chamar à razão. Fala todos os dias — em qualquer lugar, a pretexto de tudo e mais alguma coisa, sem critério e sem contenção. (…) Se isto é sair a ganhar, não sei o que seja sair a perder.
3. No velho-novo Governo Passos Coelho, a grande surpresa foi a ressurreição política de Rui Machete, que todos imaginávamos a bom e aconselhável recato. Para tudo dizer, esta é das tais escolhas que, mais do que espantar ou indignar, causa uma profunda depressão. É a política partidária no seu pior; é o PSD de sempre, dos barões e baronetes que se tomam por estadistas e que estão sempre em trânsito, entre o Governo e as administrações públicas, a banca e a consultadoria; e é Passos Coelho a mostrar como é um homem sem referências e sem densidade política. E nem é preciso ir buscar o pouco feliz currículo de Rui Machete, actual 'consultor' da PLMJ, o maior e mais influente escritório da advocacia de negócios. Os seus longos anos à frente da FLAD, onde conseguiu ser detestado por todos, não deixar obra que se conheça e ser alvo de um relatório do embaixador americano que faria corar de vergonha qualquer um; as suas passagens pelo BPN (pago em notas contadas porque, pelo sim, pelo não, preferia não ter conta no banco que lhe pagava) e pelo BPP — episódios de uma vida tão recomendáveis que o próprio gabinete do primeiro-ministro entendeu por bem omiti-las do seu currículo oficial — atestam como o dr. Machete foi uma escolha acertada. O pior, porém, é o pequeno facto de não se conhecer ao novo MNE uma só ideia sólida sobre política externa, política internacional ou diplomacia, que faça da sua nomeação qualquer coisa de compreensível. (…) E podemos temer que o PSD tome de assalto a estrutura do MNE, como já o fez num passado próximo. Porque, como disse o próprio dr. Machete, estamos no domínio da plena "podridão política".
4. Fui tirar o passaporte numa conservatória de Lisboa. Instalações impecáveis, casas de banho limpas, burocracia reduzida a quase nada, tudo digitalizado, eficaz e despachado em 40 minutos, entre a chegada e a saída. É o 'simplex', de Sócrates. E fiquei a pensar nas coisas inteligentes e certas que os seis anos de Sócrates fizeram pela melhoria concreta da vida concreta das pessoas — pois também é para isso que os governos existem. Lembrei-me do 'simplex', do cartão de cidadão (reunindo vários números e dados), do documento único automóvel, da empresa na hora, das lojas do cidadão, do ensino de inglês obrigatório a partir do 5.º ano, dos 'Magalhães' nas escolas, da extensão do ensino obrigatório até ao 12.º ano, e sim, do Parque Escolar, do RSI, do complemento social de reforma, da co-geração de energia eléctrica, do investimento nas novas tecnologias, nas energias alternativas, na investigação científica. São coisas que ficam, excepto aquelas que o actual Governo abandonou deliberadamente e, às vezes, unicamente por terem sido obra do anterior governo. Em contrapartida, o que fica, como melhorias evidentes na vida das pessoas, que tenha sido levado a cabo nestes dois anos de Governo PSD/CDS? (…)’
7 comentários :
Não esquecer a história! Não custa ser sério e sincero no uso da pena, mormente quando se dirige ao espaço público sobre coisas que dizem respeito ao nosso coletivo e à nossa pátria. Sem hesitações, sem solavancos - que os tem, às vezes, o jornalista MST. Todos os temos. Assim, mostra também ser filho de quem é.
Sou cidadão admirador do ex-primeiro-ministro que dá pelo nome de José Sócrates, dos seus governos, de muitos dos seus ex-ministros, porque nunca na minha vida vi tal ousadia e assertividade na escolha dos pilares das políticas para o nosso País, em parte discriminados no artigo. Com ele, a nossa democracia dava um passo de gigante; com ele, (não me canso de dizer), construía-se, pela primeira vez, o ciclo histórico seguinte. Nunca se vira tal coisa em Portugal em nenhum momento da nossa História, especialmente dos últimos 250 anos! Ele e os seus governos conquistaram a admiração da Europa (e não só). Cá dentro as massas populares e a própria burguesia nacional democrática e patriótica aderia ao novo Portugal que se desbravava.
Este artigo é um libelo acusatório, indicando vários réus. Embora omisso, ele atinge, também, indiretamente, uma certa corja que pulula nos mídia, bem como os partidos mais à esquerda que "estenderam a passadeira vermelha" a esta súcia que agora se ri e abraça para as televisões, numa epifania provocadora que avilta as nossas inteligências, enquanto parte dos portugueses sofrem dor profunda, a maior das quais a da humilhação. Para eles as pastas são brinquedos, que parece provocar-lhes orgasmos.
Este artigo devia constituir o ponto de partida para a direção do PS e seu grupo parlamentar na discussão da próxima moção de confiança. É preciso confrontar, publicamente, pelo crime que cometeram, os partidos da coligação guiados pelo PCP e o BE pela trela deste!.
Confrontá-los com o passado recente de traição à nossa independência na base da calúnia, da mentira.
- e é Passos Coelho a mostrar como é um homem sem referencias e sem inteligência-.
Diz agora o cabeçudo MSTavares depois de na noite do célebre debate eleitoral com Sócrates ter afirmado perenptório: - Passos arrasou Sócrates-
Precisamente quando foi evidente que Passos não sabia explicar como compensava as perdas brutais com a baixa da TSU, e não sabia porque nem sequer fazia ideia do que estava verdadeiramente em jogo e por conseguinte atirava ao ar uma ideia vendida mas que ele, como de costume, pegou com cuspo e nunca entendeu racionalmente.
Pois foi nesse instante revelador de que era "um homem sem referências nem inteligência" que MST lhe deu um certificado de "inteligente" e o catapultou par o governo mais desgraçado que Portugal jamais teve.
E para cúmulo da sem vergonha vem também agora MST fazer o elogio póstumo de Sócrates quando andou anos de língua afiada a atirar abaixo o mesmo Sócrates.
Começam a aparecer por aí, sorrateiramente, alguns como MST contudo tão cúmplices do actual desgoverno são os que continuam a lambuzar-se no pote como os que tentaram lá ir mas foram preteridos.
Se estão arrependidos façam mea-culpa e retractem-se perante os portugueses, não dissimulem como o paulinho das feiras.
Socrates bem disse, e este com razão, que a história o julgará.
Pena que MST só agora tenha acordado para a história.
Pois, era mau era mau mas deixou obra feita.
Que MST se engasgue no ódio que destilou nos tempos de Socrates e que ajudou a envenenar muita alma fraquinha por esse país fora.
só falta o mst liderar o movimento "mais contentores sim, na trafaria não".
Brilhante, o comentário que eu muito gostaria de dizer meu, do anónimo das 01:39:00 PM.
Mas sinto repulsa só de pensar que ao relato de MST o intelectualmente desonesto PM comentaria que tudo foi devido ao dinheiro dos países do norte da Europa.
E sinto uma enorme revolta pelo confrangedor "blá blá crescimento e emprego", repetido até à náusea pelo oco, vazio e fraco (in)Seguro.
É pena, mas nunca se lhe ouviu invocar uma única destas realizações do Governo que foi do seu PS, como se tudo isso tivesse lepra!
Acho normal que Miguel Abrantes cite MST e nada tenho a obstar, embora, pessoalmente, eu entenda que MST é um snob, um mau escritor e uma pessoa com ideias políticas dúbias e que, há muito, já não leio, nem escuto os seus comentários.
Talvez o Tozé leia o MST.
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