sábado, julho 27, 2013

"Em contrapartida, o que fica, como melhorias evidentes na vida das pessoas, que tenha sido levado a cabo nestes dois anos de Governo PSD/CDS?"

• Miguel Sousa Tavares, POR FAVOR, VÃO DE FÉRIAS! [hoje no Expresso]:
    1. Perdidos inutilmente dez dias, aí está de volta o Governo remodelado que já antes estava pronto para o ser. Um dia, nas suas memórias, Cavaco Silva explicará melhor o que pretendeu com aquilo a que começou por chamar "proposta" e acabou a chamar "solução"... falhada. Por ora, tirando alguns cavaquistas persistentes, ninguém mais entendeu para que serviu este hiato. O país, esse, definitivamente não entendeu. Assim como ninguém consegue entender agora a moção de confiança, duas semanas depois de uma moção de censura (…).

    2. Dizem alguns que quem saiu a ganhar com tudo isto foi Passos Coelho. Se o objectivo era manter-se no poder, desse por onde desse, sim, saiu a ganhar, continua primeiro-ministro! Mas, entretanto, foi humilhado pelo seu ministro das Finanças (…); foi humilhado pelo parceiro de coligação (…); foi humilhado pelo Presidente da República, que o tratou como um garoto a quem é preciso chamar à razão. Fala todos os dias — em qualquer lugar, a pretexto de tudo e mais alguma coisa, sem critério e sem contenção. (…) Se isto é sair a ganhar, não sei o que seja sair a perder.

    3. No velho-novo Governo Passos Coelho, a grande surpresa foi a ressurreição política de Rui Machete, que todos imaginávamos a bom e aconselhável recato. Para tudo dizer, esta é das tais escolhas que, mais do que espantar ou indignar, causa uma profunda depressão. É a política partidária no seu pior; é o PSD de sempre, dos barões e baronetes que se tomam por estadistas e que estão sempre em trânsito, entre o Governo e as administrações públicas, a banca e a consultadoria; e é Passos Coelho a mostrar como é um homem sem referências e sem densidade política. E nem é preciso ir buscar o pouco feliz currículo de Rui Machete, actual 'consultor' da PLMJ, o maior e mais influente escritório da advocacia de negócios. Os seus longos anos à frente da FLAD, onde conseguiu ser detestado por todos, não deixar obra que se conheça e ser alvo de um relatório do embaixador americano que faria corar de vergonha qualquer um; as suas passagens pelo BPN (pago em notas contadas porque, pelo sim, pelo não, preferia não ter conta no banco que lhe pagava) e pelo BPP — episódios de uma vida tão recomendáveis que o próprio gabinete do primeiro-ministro entendeu por bem omiti-las do seu currículo oficial — atestam como o dr. Machete foi uma escolha acertada. O pior, porém, é o pequeno facto de não se conhecer ao novo MNE uma só ideia sólida sobre política externa, política internacional ou diplomacia, que faça da sua nomeação qualquer coisa de compreensível. (…) E podemos temer que o PSD tome de assalto a estrutura do MNE, como já o fez num passado próximo. Porque, como disse o próprio dr. Machete, estamos no domínio da plena "podridão política".

    4. Fui tirar o passaporte numa conservatória de Lisboa. Instalações impecáveis, casas de banho limpas, burocracia reduzida a quase nada, tudo digitalizado, eficaz e despachado em 40 minutos, entre a chegada e a saída. É o 'simplex', de Sócrates. E fiquei a pensar nas coisas inteligentes e certas que os seis anos de Sócrates fizeram pela melhoria concreta da vida concreta das pessoas — pois também é para isso que os governos existem. Lembrei-me do 'simplex', do cartão de cidadão (reunindo vários números e dados), do documento único automóvel, da empresa na hora, das lojas do cidadão, do ensino de inglês obrigatório a partir do 5.º ano, dos 'Magalhães' nas escolas, da extensão do ensino obrigatório até ao 12.º ano, e sim, do Parque Escolar, do RSI, do complemento social de reforma, da co-geração de energia eléctrica, do investimento nas novas tecnologias, nas energias alternativas, na investigação científica. São coisas que ficam, excepto aquelas que o actual Governo abandonou deliberadamente e, às vezes, unicamente por terem sido obra do anterior governo. Em contrapartida, o que fica, como melhorias evidentes na vida das pessoas, que tenha sido levado a cabo nestes dois anos de Governo PSD/CDS? (…)’

7 comentários :

Anónimo disse...

Não esquecer a história! Não custa ser sério e sincero no uso da pena, mormente quando se dirige ao espaço público sobre coisas que dizem respeito ao nosso coletivo e à nossa pátria. Sem hesitações, sem solavancos - que os tem, às vezes, o jornalista MST. Todos os temos. Assim, mostra também ser filho de quem é.

Sou cidadão admirador do ex-primeiro-ministro que dá pelo nome de José Sócrates, dos seus governos, de muitos dos seus ex-ministros, porque nunca na minha vida vi tal ousadia e assertividade na escolha dos pilares das políticas para o nosso País, em parte discriminados no artigo. Com ele, a nossa democracia dava um passo de gigante; com ele, (não me canso de dizer), construía-se, pela primeira vez, o ciclo histórico seguinte. Nunca se vira tal coisa em Portugal em nenhum momento da nossa História, especialmente dos últimos 250 anos! Ele e os seus governos conquistaram a admiração da Europa (e não só). Cá dentro as massas populares e a própria burguesia nacional democrática e patriótica aderia ao novo Portugal que se desbravava.

Este artigo é um libelo acusatório, indicando vários réus. Embora omisso, ele atinge, também, indiretamente, uma certa corja que pulula nos mídia, bem como os partidos mais à esquerda que "estenderam a passadeira vermelha" a esta súcia que agora se ri e abraça para as televisões, numa epifania provocadora que avilta as nossas inteligências, enquanto parte dos portugueses sofrem dor profunda, a maior das quais a da humilhação. Para eles as pastas são brinquedos, que parece provocar-lhes orgasmos.

Este artigo devia constituir o ponto de partida para a direção do PS e seu grupo parlamentar na discussão da próxima moção de confiança. É preciso confrontar, publicamente, pelo crime que cometeram, os partidos da coligação guiados pelo PCP e o BE pela trela deste!.

Confrontá-los com o passado recente de traição à nossa independência na base da calúnia, da mentira.

jose neves disse...

- e é Passos Coelho a mostrar como é um homem sem referencias e sem inteligência-.
Diz agora o cabeçudo MSTavares depois de na noite do célebre debate eleitoral com Sócrates ter afirmado perenptório: - Passos arrasou Sócrates-
Precisamente quando foi evidente que Passos não sabia explicar como compensava as perdas brutais com a baixa da TSU, e não sabia porque nem sequer fazia ideia do que estava verdadeiramente em jogo e por conseguinte atirava ao ar uma ideia vendida mas que ele, como de costume, pegou com cuspo e nunca entendeu racionalmente.
Pois foi nesse instante revelador de que era "um homem sem referências nem inteligência" que MST lhe deu um certificado de "inteligente" e o catapultou par o governo mais desgraçado que Portugal jamais teve.
E para cúmulo da sem vergonha vem também agora MST fazer o elogio póstumo de Sócrates quando andou anos de língua afiada a atirar abaixo o mesmo Sócrates.
Começam a aparecer por aí, sorrateiramente, alguns como MST contudo tão cúmplices do actual desgoverno são os que continuam a lambuzar-se no pote como os que tentaram lá ir mas foram preteridos.
Se estão arrependidos façam mea-culpa e retractem-se perante os portugueses, não dissimulem como o paulinho das feiras.

Anónimo disse...

Socrates bem disse, e este com razão, que a história o julgará.
Pena que MST só agora tenha acordado para a história.
Pois, era mau era mau mas deixou obra feita.
Que MST se engasgue no ódio que destilou nos tempos de Socrates e que ajudou a envenenar muita alma fraquinha por esse país fora.

ignatz disse...

só falta o mst liderar o movimento "mais contentores sim, na trafaria não".

Anónimo disse...

Brilhante, o comentário que eu muito gostaria de dizer meu, do anónimo das 01:39:00 PM.
Mas sinto repulsa só de pensar que ao relato de MST o intelectualmente desonesto PM comentaria que tudo foi devido ao dinheiro dos países do norte da Europa.
E sinto uma enorme revolta pelo confrangedor "blá blá crescimento e emprego", repetido até à náusea pelo oco, vazio e fraco (in)Seguro.
É pena, mas nunca se lhe ouviu invocar uma única destas realizações do Governo que foi do seu PS, como se tudo isso tivesse lepra!

james disse...



Acho normal que Miguel Abrantes cite MST e nada tenho a obstar, embora, pessoalmente, eu entenda que MST é um snob, um mau escritor e uma pessoa com ideias políticas dúbias e que, há muito, já não leio, nem escuto os seus comentários.

Anónimo disse...

Talvez o Tozé leia o MST.