sábado, dezembro 21, 2013

“Ao fim destes dois anos, não se fez a não ser agravar a situação
e chegamos ao ponto em que a única coisa realmente certa
é que serão despedidos 600 funcionários”


Da entrevista de Augusto Santos Silva à Página 1, publicação da RR:
    Renascença - O Governo Sócrates, em que ocupou a pasta da Defesa, decidiu afectar cerca de 80 milhões de euros aos estaleiros de Viana. Foram ajudas ilegais, como a União Europeia parece considerar?

    Augusto Santos Silva - Vinte e cinco milhões desses 80 foram para aumento de capital. Os outros 55 milhões foram um adiantamento do Tesouro português por conta das receitas que a empresa haveria de ter. Trata-se de receitas, quer do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central quer da lei de programação militar, como pagamento da construção dos navios militares. Acho que este tipo de decisões é plenamente defensável em termos europeus, mas o que verifico é que as autoridades legítimas optaram por não a defender. Quando soube isso, pensei: têm uma solução melhor, mas, pelos vistos, a solução é pior. O que eu verifico é que, ao fim destes dois anos, não se fez a não ser agravar a situação e chegamos ao ponto em que a única coisa realmente certa é que, até ao fim de Dezembro, são despedidos 600 funcionários. Agora, o que eu peço é que não se falsifiquem os dados: não se esteja aí a dizer que as ajudas foram dadas, entre 2006 e 2011, quando elas foram dadas entre 2006 e 2012. Não se esteja para aí a dizer que nunca seria possível que a Comissão Europeia aprovasse essas ajudas, porque teria sido possível o Estado português defender a sua posição e com bons argumentos.

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