sexta-feira, janeiro 31, 2014

Pode até ser brilhante e até original
mas na parte em que é brilhante não é original
e na parte em que é original não parece ser brilhante

• Pedro Silva Pereira, Valor acrescentado:
    ‘O Grupo de Trabalho nomeado pelo Governo para indicar os grandes investimentos a realizar até 2020 apresentou esta semana as suas conclusões finais, em mais de 400 páginas. Mas o mais interessante contributo do relatório está logo no título: os investimentos públicos, até aqui considerados despesistas e megalómanos, passam a designar-se "infraestruturas de elevado valor acrescentado".

    Ao contrário do que seria legítimo esperar, não foi preciso nenhum novo estudo custo-benefício (digno desse nome) para o grupo nomeado pelo Governo propor uma reviravolta na consideração de muitos investimentos projectados no passado e propor para decisão 30 projectos "prioritários", que implicarão nada menos de 5.100 milhões de euros de investimento (em que 1.400 milhões terão de vir directamente do Orçamento de Estado, isto é, dos contribuintes). Quem diria que ainda sob a égide deste Governo, que disse o que disse, seriam propostas como grandes prioridades nacionais obras como o aumento para mais do dobro (!) da capacidade do Terminal de Contentores de Alcântara ou a construção do IP3 Coimbra-Viseu com "características geométricas em planta e em perfil (...) definidas para a velocidade base de 120 km/h"?

    O que se conclui desta mudança é que a diabolização do investimento público, embora articulada com um discurso ideológico contra o Estado, visou essencialmente cumprir uma função rasteira no combate político-partidário, ao mesmo tempo que dava o seu contributo para estes três anos de recessão económica pretensamente regeneradora. Bastou a abertura de um novo ciclo de programação dos fundos comunitários para se dar o dito por não dito e aí temos o Governo, como se nada fosse, a relançar projectos que até ontem eram demonizados.

    A surpresa maior, todavia, vai para um projecto novo: o novo Terminal de Contentores da Trafaria (ou, como agora se admite, no Barreiro), associado a um novo porto de águas profundas. Trata-se de um investimento estimado de pelo menos 600 milhões de euros, a que há que juntar o custo das complexas ligações ferroviárias. Não deixa de ser extraordinário que, sem qualquer estudo que fundamente capazmente essa opção, se insista num projecto de investimento manifestamente conflituante com o plano de expansão do Porto de Sines, igualmente considerado prioritário - para já não falar dos custos, da irracionalidade e da mais que provável inviabilidade ambiental da ligação ferroviária a esse novo Terminal na margem Sul do Porto de Lisboa.

    A insistência num projecto tão absurdo não é apenas uma proposta errada, que pode simplesmente ser descartada na decisão final. É, sobretudo, um péssimo sinal: um sinal de que o relatório colocado à discussão pública não é o exercício técnico isento e fundamentado que deveria ser. Pode até ser brilhante e até original mas, infelizmente, na parte em que é brilhante não é original e na parte em que é original não parece ser brilhante.’

5 comentários :

Anónimo disse...

Mais uma vez gostei muito do artigo do Dr. PSP!
Acho porém estranho que não coloque em equação uma comparação direta entre as grandes obras do passado, sua viabilidade e, sobretudo, benefícios, com estas agora projetadas (falo por exemplo de coisas como o aeroporto de Beja, o TGV, etc).
Outro aspeto que não vejo explorado no artigo, que seria pertinente, é o grau de executabilidade dos últimos fundos comunitários, sobretudo, acerca do retorno desse investimento.
Há, contudo, aqui um aspeto que não só me provoca o riso como alvitra da seriedade de quem fez o artigo. Preocupação com o impacto ambiental de um terminal ferroviário na margem sul do Porto de Lisboa??? Isto vindo de quem apoiou a edificação de uma grande infraestrutura em Alcochete...

Não há pachorra!!

NSM

Anónimo disse...

Olha... mais um "Social Democrata" ignorante !!
E a quer atirar areia para os olhos do pessoal.
Fica sabendo que, onde está hoje o Freepó era antigamente a fábrica de pneus da Firestone que o Salazar negociou com os USA para que em Alcochete não se morresse de fome !

jose neves disse...

Porra, não há pachorra é para os idiotas psd anónimos que, como os chefes, apenas mentem e mentem quer para atacar a obra feita pelo governo anterior quer para avançar com qualquer ideia tirada da língua e cuspida ao ar.
O TGV tinha estudos académicos e aprofundados sobre todos os aspectos, como sempre estiveram à disposição pública.
O aeroporto de Beja foi promessa eleitoral do Barroso que o deixou de herança ao novo governo quando abandonou os portugueses por melhor pote e fugiu indecorosamente como qualquer pulha.
E ainda ontem o merdas penteadinho do do moreiinha do ambiente atirava às câmara de tv que o plano energético seria outro se fosse feito pelo psd. Que merda de estudos competentes já fez o moreirinha, que se saiba, para afirmar que o plano seria todo outro e diferente? Um plano energético de barragens, eólicas, carvão, gaz, solar, cogeração etc. leva anos a fazer e o moreirinha que é ministro há meses já elaborou e tem na cabeça um projecto energético para o todo do país.
É demais, as mentiras que produzem diariamente fazem da gente deste governo e anónios lambuzados no pote publicitários de uma fábrica de produzir aldrabices.

Anónimo disse...

Afinal aqui também há lápis azul!

Anónimo disse...

Acho muita piada ás arrastadeiras quando culpam o PS de uma obra faraónica que não existe : o TGV.
Ou se calhar é um TGV invisivel!Só os malandros é que o conseguem vêr.