quinta-feira, outubro 16, 2014

Sopram novos ventos na Europa

• Francisco Assis, Sopram novos ventos na Europa:
    «(…) O mal pode até ser muito mais profundo do que se imagina. Essa é, pelo menos, a tese de Marcel Fratzscher, que acaba de publicar um livro intitulado A Ilusão Alemã. A tese fundamental aí expendida é a seguinte: a Alemanha tem uma face brilhante, que se compraz em exibir, e uma face negra a que não tem sido prestada a devida atenção. A primeira é conhecida: o seu produto interno bruto cresceu 8% desde 2009, criaram-se novos empregos, as exportações aumentaram substancialmente, as contas públicas caracterizam-se por excedentes orçamentais e a dívida pública reduziu-se. O outro lado é mais inquietante: o PIB tem vindo desde 2000 a crescer a um ritmo inferior à média da zona euro, os salários dos trabalhadores têm aumentado abaixo da inflação, dois em cada três assalariados auferem actualmente um salário real inferior ao do ano 2000, uma criança em cada cinco vive abaixo do limiar da pobreza, as desigualdades cresceram (as de natureza patrimonial são mesmo as mais elevadas da Europa) e a igualdade de oportunidades regrediu. A explicação apresentada para justificar esta situação reside na diminuição da taxa de investimento, que será actualmente uma das mais baixas entre os países industrializados. Tal facto conduz a um aumento muito frágil da produtividade e concorre, entre outras coisas, para a diminuição do valor do património público. (…)»

3 comentários :

Anónimo disse...

Artigo muito positivo do ASSIS. Mas falta-lhe, como sempre, a ele a outros políticos situados no largo espectro europeu (e internamente hesitantes entre várias correntes), faltalhe(s)aquela acutilância de análise fora do quadrado, aquele reconhecimento desassombrado do jogo profundo do dinheiro-poder, aquela capacidade de voo ousado, que o momento reclama. Não saem da sua zona de conforto, uma conciliação composta de formulações estratégicas que não conseguem deixar de apresentar estereotipadas, pois estaão sempre a esquecer-se das origens dos esteriotipos doutrinários. Falta-lhes vida real. Estão demais entre bastidores e muito longe dos dramas e anseios dos que sofrem e lutam para ter futuro. Burocratas?

Setor de Trabalhos Oficinais disse...



Fia-te na Europa e não faças o "trabalho de casa" em Portugal...

Ralves disse...

A acreditar no "Der Spiegel" haverá alguém que me explique por que é que o partido da Sra Merkel está, nas sondagens, novamente às portas da maioria aboluta e o SPD a descer (nos 23 por cento). Os alemães são muito iletrados? São facilmente manipulados? O ministro da economia deles (spd) disse ontem que o embargo à Rússia explicava o súbito crescimento negativo.