• António Guerreiro, Exercício de metajornalismo:
- «(…) Um exemplo: se este jornal decidisse que a minha coluna semanal passaria a “contracenar” (segundo um modelo muito difundido) com a do João Miguel Tavares, estaria a desviá-la para uma região que lhe é hostil. Ainda que eu mantivesse o mesmo discurso, acentuava-se a dimensão de entretenimento e criava-se um falso debate entre duas pessoas que não falam a mesma linguagem. Em vez do jogo da oposição, teríamos o diferendo. E não se trata de um ser de Direita, segundo dizem, e outro de Esquerda, presume-se. Se eu quiser criticar os media, verificar que eles estão cheios de profissionais da “opinião”, isto é, de um editorialismo ideológico semelhante ao que Nietzsche chamava “moralina”, asfixiando o ambiente, se quiser mostrar a nefasta invasão dos media pelos políticos-comentaristas que ampliaram uma política Potemkin, servida por um idioma-propaganda que esvazia a linguagem, dificilmente o consigo fazer senão de fora. No interior, o mais certo é sujeitar-me a contaminações ou escorregar na contradição. Mas nem por isso devo deixar de tentar sempre, sabendo que ter uma consciência crítica do lugar de onde falamos e das limitações a que estamos sujeitos é a condição para fugir à doxosofia. Devo esta palavra a Pierre Bourdieu, que baptizou como doxósofos (um vocábulo formado por analogia com filósofos) uma classe específica de intelectuais. São aqueles que devem tudo aos media e às suas paralelas instituições culturais que se arrogam o poder de consagrar “figuras” que eles próprios produzem e fazem prosperar. Ao contrário do antigo intelectual, o doxósofo não traz para o espaço público uma autoridade reconhecida em qualquer campo do saber, da ciência ou das artes: nasce e desenvolve-se na incubadora mediática. No jargon da redacção dos jornais, é a “prata da casa”, uma baixela para todo o serviço a que é preciso sempre puxar o brilho.»
4 comentários :
o partido mais extremista da UE que se encontra em funções governativas, exceção feita ao Húngaro, mas este por questões muito específicas que têm a ver com geoplítica e outros fatores próprios, que de social democrata já só tem mesmo o nome, vem agora acusar o ps de formar um governo com a extrema esquerda, coitados mal eles sabem o que é isso, mas para utilizar estes jargões na tv vale tudo, eles estão capazes de matar alguém só para se agarrarem e se perpetuarem no esventramento econõmico e social do país e continuarem a encher-se e aos seus amigos banqueiros e outros tais!
Os profissionais do comentário político, constroem carris de pensamento para os portugueses poderem ser conduzidos.Contudo,parafraseando Alexandre O`Neil"Uma coisa pensa o cavalo, outra quem está a montá-lo". Ontem, M.Ferreira Leite afirmou que o governo ganhou as eleições. Parece, portanto, que não foram eleições para deputados da Assembleia da República (AR),mas eu vi umas listas de fotos de candidatos (AR), que não correspondiam, totalmente, aos "defuntos"governantes.Por outro lado, se o governo ganhou deve governar sem o PS como muleta, pois O PS apresentou aos eleitores um programa diferente, que a PAF considerou despesista.Parece, que a direita, quer continuar instalada no poder, talvez...por direito divino. Triste figura! José Martins Amaro
O "doxósofo" não passa de um parasita utilitário em benefício do bem-estar e carreirismo pessoal; não acrescenta nada ao pensamento que outros produziram, apenas os cavalgam para os interpretar e deturpar e poderem assim vender sua consciência de oportunistas.
é por essas e por outras que eu raramente compro um jornal. vem também daí o meu sonho com o dia em que eles irão todos à falência e serão postos no desemprego.
cada diário, cada semanário tem o seu corpo de ballet e lá estão eles, semana a semana, a dançarem o seu pas-de-deux, o da esquerda e o da direita. para encher as folhas está a lusa (e as notícias desovadas ou silenciadas pelo poder do momento) e a publicidade, dos bancos falidos às meninas com banca no saldanha.
a maioria dos artigos de opinião limita-se a papaguear o dicionário de ideias feitas do seu autor, de lugares comuns dessa grande arte que é a política politiqueira. no caso da rapaziada de direita há sempre uma novidade saída dos States.
não há pasquim que não tenha estes bailarinos. uns intitulam-se jornalistas, às tantas com cédula profissional. outros há, mais púdicos, que vestem a roupa do comentador. estão todos para a propaganda como as trabalhadoras sexuais estão para o putedo. é feio chamá-los pelo nome.
acima deles reina o patrão. são muito livres, estão sempre com a boca cheia de liberdade de imprensa, são muito independentes, nem querem ouvir falar em censura mas recebem ordenado - e é melhor que o mereçam. comecem a descarrilar e lá vem a cartinha da reestruturação da empresa e podem ir que já não fazem cá falta.
não se julgue no entanto que esta miséria fica pelo papel. é ver a tv por cabo. aqui no entanto com um acréscimo: todos os dias temos um gouvarinho ou gouvarinha com receita curandeira para a salvação da pátria e como nos tempos de eça, visto que já deram provas sobejas de incompetência na chefia de ministérios, até passam por luminárias, por senadores desta coisa - e o país fica a meditar nas aflições do sr. dr. ou da sra. dra. que ainda há uns anos tratava de bestas. é por isso que eu mandei embora a tv cabo.
resta a net. tem muito lixo mas pelo menos podemos procurar o que essa gente cala. o eurinho que poupo no papel e no pacote com trezentos canais é o que gasto no google. venha ele.
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